MARINA DIAS BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Sem nenhum discurso do presidente Michel Temer, o programa do PMDB que vai ao ar na noite desta quinta-feira (30) na TV fará um balanço do governo e dirá que o peemedebista “não vai fugir” da reforma da Previdência. “Essa reforma não é uma imposição, é uma necessidade, uma responsabilidade com o trabalhador brasileiro”, dirá a apresentadora na peça elaborada pelo marqueteiro do partido e consultor do presidente, Elsinho Mouco.

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O discurso do programa, ao qual a Folha teve acesso, acontece em meio à pressão de diversos setores da sociedade e da própria base aliada de Temer, que pede mudanças no projeto de reforma previdenciária enviada pelo governo ao Congresso.

O PSDB, por exemplo, maior partido de apoio ao presidente, quer negociar pelo menos três pontos do texto encaminhado pela equipe do peemedebista antes de anunciar apoio ao projeto.

A figura de Temer aparecerá na peça de dez minutos apenas em imagens dentro do Palácio do Planalto, no início e no fim do programa, mas sem falas. A ideia é mostrar que o governo “não tem mais que se justificar”, nem explicar “como e a que veio”. A peça repetirá, ainda, o slogan de inserções do PMDB que já foram ao ar e tratam Temer como “o presidente certo na hora certa”.

O programa afirma que o diálogo do Planalto com o Congresso e a equipe econômica “de maior competência” são a chave para que o presidente consiga aprovar as reformas previdenciária e trabalhista, principais bandeiras de sua gestão. “O relacionamento com o Congresso mudou. Agora há diálogo e, consequentemente, medidas urgentes e do maior interesse têm sido aprovadas com a agilidade e urgência que o país pede”, diz a apresentadora, em referência ao estilo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), criticada inclusive por aliados por não abrir canal com o Legislativo e ser muito centralizadora.

Entre os figurões do PMDB que aparecerão na peça estão o presidente do Senado, Eunicio Oliveira (CE), e o presidente do partido e líder da sigla na Casa, Romero Jucá (RR).

Eunício falará das reformas e dirá que é hora de “superar os conflitos, resgatar a confiança e reforçar a credibilidade nas instituições para dar continuidade às conquistas que já alcançamos nesse curto espaço de tempo”. Jucá, por sua vez, dirá que é hora de “dar um novo rumo ao país” e que o PMDB “assumiu a responsabilidade de comandar as reformas”.

 

MULHER

Diante das críticas de que Temer concedeu pouquíssimo espaço para mulheres no primeiro escalão de seu governo -dos 28 ministérios apenas dois são ocupados por mulheres: AGU e Direitos Humanos-, o programa faz uso do depoimento de oito parlamentares filiadas ao PMDB, além da fala da secretária especial de Política para as Mulheres, Fátima Pelaes. Ela diz que Temer foi responsável pela criação da primeira delegacia da mulher, quando foi secretário de Segurança em São Paulo, o que, segundo ela, mostra a identificação do presidente com a “causa feminina”. Fátima saiu em defesa de Temer no início do mês quando, no Dia da Mulher, o presidente afirmou que tinha “convicção do quanto a mulher faz pela casa” e que a figura feminina tem grande participação na economia porque é “capaz de indicar os desajustes de preços em supermercados”.