SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A presidente deposta da Coreia do Sul, Park Geun-hye, foi presa na madrugada desta sexta (31), acusada de pressionar empresas a fazer doações a fundações de sua melhor amiga em troca de favores do governo. O caso levou ao processo de impeachment que a derrubou no dia 10.

Ela foi detida por volta das 4h locais (16h de quinta em Brasília), horas após a Corte Distrital de Seul ter determinado a prisão preventiva, que pode durar até 20 dias se ela não for condenada antes. “É reconhecido que existem razão e necessidade para a prisão, já que as principais acusações foram verificadas e há um risco de que provas sejam destruídas”, afirmou o tribunal, em nota.

A sessão em que os magistrados atenderam ao pedido do Ministério Público pela prisão durou oito horas e 40 minutos, a mais longa do tipo na história do país. Aos juízes Park novamente negou as acusações e disse que não representa risco à investigação, pois não tentaria fugir nem destruir provas. Ela foi levada para uma penitenciária em Uiwang, na província de Gyeonggi, a 24 km da capital, Seul, onde também está Choi Soon-sil, a amiga acusada de extorquir conglomerados como Samsung e LG, além de interferir em decisões do governo sem possuir um cargo oficial.

Além de Park e Choi, assessores presidenciais e o herdeiro do Grupo Samsung, Lee Jae-yong, também estão presos e aguardam julgamento. A investigação concluiu que a ex-presidente obteve quase US$ 70 milhões dos conglomerados para fundações da amiga da presidente em troca de favores políticos. A Samsung, por exemplo, é acusada de pagar propina em troca da aprovação pelo governo da fusão de duas empresas afiliadas, em 2015. Park diz que os conglomerados doavam dinheiro voluntariamente e nega conhecer qualquer atividade ilegal da amiga ou de assessores.

Caso seja considerada culpada por corrupção, a ex-presidente pode ser condenada à prisão perpétua. Ela ainda responde por permitir que sua amiga interferisse em assuntos do Estado e por negligência no naufrágio da balsa Sewol, que deixou 304 mortos em 2014, dos quais 250 estudantes.

NOVAS ELEIÇÕES

posta em impeachment desde a cisão da Península Coreana, em 1948. O impeachment deverá marcar o fim dos 43 anos da carreira política da líder, iniciada quando se tornou a primeira-dama do pai, o ditador Park Chung-hee, depois que sua mãe foi assassinada. Desde dezembro, o país é comandado pelo premiê, Hwang Kyo-ahn, que fica até as novas eleições, em 9 de maio. Os favoritos são o opositor Moon Jae-in, 2º colocado em 2012, e o ex-secretário-geral da ONU Ban Ki-moon.