LIVIA MARRA, ENVIADA ESPECIAL* TAIWAN (FOLHAPRESS) – O governo de Taiwan acompanha, mesmo que a distância, a visita do presidente da China, Xi Jinping, ao colega dos EUA, Donald Trump. O chinês está desde quinta-feira (6) no resort do americano na Flórida.

O ministro sem pasta taiwanês, John Deng, diz que é preciso prestar atenção especialmente em algumas questões que podem ser discutidas e envolvam a ilha, como as relacionadas com economia e segurança. O cargo de Deng abrange diversas áreas e dá seu ocupante poder de voto em decisões do gabinete do governo -figura comum em governos parlamentaristas e de coalizão. Para Jeremy Liang, vice-diretor-geral do Departamento de Serviços de Informação Internacional, não há preocupação, porque Taiwan não deve ser o tópico da conversa.

“Deve ser mencionado, mas não será o tema principal”, disse. Na edição desta sexta (7) do jornal “Taipei Times”, especialistas dizem que os taiwaneses não deveriam estar “muito preocupados” com o encontro, já que temas como Coreia do Norte e a relação comercial dominariam o encontro. Além dos dois temas, Xi e Trump deverão discutir a intervenção chinesa no câmbio e a ameaça militar e territorial de Pequim aos países vizinhos nos mares do Sul e do leste da China. No começo deste mês, Trump afirmou que os EUA agirão unilateralmente para eliminar a ameaça nuclear da Coreia do Norte, caso a China não aumente a pressão sobre Pyongyang.

“A China tem grande influência sobre a Coreia do Norte. E a China vai decidir: ou eles nos ajudam ou não”, disse Trump ao “Financial Times”. “Se ajudarem, isso será muito bom para a China; se não, não será bom para país algum.” Em dezembro, Trump quebrou protocolo ao conversar por telefone com a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen —o que sugeria uma aproximação com a ilha. Porém, recuou do tom hostil adotado contra a China durante a campanha presidencial e passou a apoiar a política da “China única”, que não reconhece a independência da ilha de Taiwan. *A jornalista viaja a convite do governo de Taiwan