Mais antiga universidade federal brasileira, com 104 anos, a UFPR está desenvolvendo uma campanha inédita destinada a mostrar a importância da sua contribuição para a sociedade brasileira: a #Valoriza UFPR. A campanha está resgatando histórias de cidadãos que tiveram suas vidas modificadas pela UFPR e que, paralelamente, desenvolveram ações importantes para a comunidade.

Vivemos um momento difícil para as universidades públicas. Por isso, no caso da UFPR, achamos fundamental valorizar sua história, sua importância para o Brasil e também as histórias das pessoas que fazem a Universidade acontecer, explica a diretora de Comunicação Institucional da UFPR, professora-doutora Regiane Ribeiro, que coordena o projeto.

Regiane diz que a campanha objetiva destacar os integrantes da comunidade acadêmica que desenvolvem atividades de ensino, pesquisa e extensão, mas não apenas isso. Não podemos nos esquecer das pessoas que fazem a história da UFPR acontecer mesmo fora da universidade, avalia a coordenadora.

A campanha #Valoriza UFPR já recebeu uma série de relatos espontâneos, de pessoas que se sentiram motivadas a contar suas histórias. Interessados em participar podem fazer contato pelo e-mail [email protected].

A equipe envolvida no projeto está selecionando os melhores relatos e divulgando-os pelo portal da Universidade (www.ufpr.br), na UFPR TV e pelos canais da instituição nas redes sociais – Facebook e Instagram.

Do campo para a UFPR

Trata-se do ex-aluno Andrio Robert Lecheta, recém formado no curso de Produção Cênica da UFPR, morador de Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba. Ele morou com seus pais na zona rural, onde estudava em uma escola pública municipal, desde os seis anos. No contraturno escolar, trabalhava na produção de legumes e verduras para a Centrais de Abastecimento do Paraná S/A (Ceasa).

Aos 16 anos, Andrio concluiu o Ensino Médio, mas não tinha condições de pagar uma Universidade privada. Foi então que, em 2011, encontrei na lista de cursos da UFPR a graduação em Produção Cênica. Por trabalhar com produção teatral amadora em igrejas, encontrei ali um caminho para o futuro. A aprovação veio na primeira tentativa e a partir dali um sonho começava, conta.

Mesmo tendo que fazer o caminho Curitiba-Mandirituba todo dia, acordando às 6:30 da manhã, trabalhando o dia todo, estudando à noite e só chegando em casa novamente por volta de 1:00 da manhã, ele encontrou na UFPR a possibilidade de mudar sua vida e da sua família. No primeiro semestre, já ganhei um concurso que me trouxe uma bolsa de Produção Cultural. No segundo semestre, comecei a preparação para a seleção de intercâmbio. No primeiro semestre de 2013, fui aprovado com bolsa para um intercâmbio em Cinema na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias em Lisboa (Portugal). Até o dia de realmente sair do Brasil, eu não conseguia acreditar que o garoto da roça, da escola pública, estava indo para Europa estudar.

A Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias convidou Andrio para permanecer mais um semestre, o que lhe permitiu – com a autorização da UFPR – conhecer a França, Espanha e diversas cidades portuguesas. Trabalhei na universidade como ator, figurinista, roteirista e performer de produções exibidas na Espanha, Eslovência e Itália, diz. No segundo semestre do intercâmbio, inscreveu-se em uma competição produzida pela Expo Milão 2015 e o 9º Festival de Cinema de Roma, com um vídeo sobre alimentação, miséria e vida no planeta. O meu vídeo foi o mais votado no categoria internacional, concorrendo com dezenas de países.

Foi ainda bolsista do Programa de Iniciação Científica e monitor na disciplina de conclusão de curso de Produção Cênica. Foi a partir daí que a vontade pelo trabalho na educação começou a se despertar. No mesmo ano, fez parte do Carmen Group – Centro de Treinamento em arte, Movimento e Encenação – grupo que surgiu de uma disciplina do curso e proporcionou a Andrio a possibilidade de um pequena turnê regional com 14 apresentações do trabalho teatral/performático Carmen.

Em 2017, ele inicia seu mestrado em Educação pela UFPR, na linha de Cultura, Escola e Ensino com um projeto que estudará o homem do campo no teatro universitário. Sou grato a UFPR por tudo o que vivi desde que passei no vestibular, diz. O mestrado só me traz a vontade do doutorado e a necessidade de voltar para a UFPR como professor, podendo agradecer um pouquinho de tudo o que essa instituição trouxe para a minha vida

Hoje, Andrio é professor de teatro em uma academia de dança e arte em Mandirituba e está iniciando nova fase de produções artísticas e culturais na cidade, garantindo acesso à arte e à cultura para a população. Com isso, também devolvo às minhas raízes tudo aquilo que conquistei e devolvo à sociedade todo o conhecimento que esses anos de UFPR me trouxeram.

Destaque no estudo de Machado de Assis

Aluna da UFPR por 15 anos, Greicy Bellin obteve reconhecimento internacional com seu trabalho sobre Machado de Assis.
Outra história de sucesso envolve Greicy Bellin, professora-doutora da Uniandrade e aluna da UFPR por quinze anos – entre graduação, mestrado e doutorado (os dois com bolsas concedidas pela Universidade) e pós-doutorado. Ela começou sua história na UFPR em 2002, na graduação em Letras Português-Inglês. E não parou mais sua carreira acadêmica e de pesquisadora.

Greicy obteve reconhecimento internacional com um trabalho desenvolvido na própria UFPR: sua tese de doutorado sobre Machado de Assis, em 2015. Tem trabalhos importantes publicados no Exterior, além de ser tradutora da obra de Machado de Assis. Em 2016, publicou uma coletânea nos Estados Unidos e Europa, com financiamento da Fundação Biblioteca Nacional.

Esteve, recentemente, em um congresso na Universidade de Stanford (Califórnia). Atualmente, transformando este trabalho em livro, que será publicado pela editora da Universidade de Oxford em 2018. Sou grata à UFPR pelas bolsas que me concedeu, que me permitiram que eu me dedicasse integralmente ao doutorado. Sou grata ainda aos professores que me deram a oportunidade de estudar numa universidade pública.

Medicamentos naturais

Pós-doutora em Farmácia, Fernanda Bovo também tem uma relação próxima e de gratidão com a UFPR, onde está há oito anos. Pesquisadora e servidora do Laboratório da Escola de Análises Clínicas da Universidade, ela ganhou um prêmio internacional concedido por uma revista de imunologia sobre o Sistema Complemento (composto por 20 proteínas de membrana plasmática e solúveis no sangue que participam das defesas inatas e adquiridas).

A pesquisa possibilitará a criação de novos medicamentos, como antiinflamatórios, a partir de produtos naturais. Nós queremos achar produtos que possam inibir o sistema complemento e tratar as pessoas com medicamentos antiinflamatórios na área de produtos naturais. O Brasil só tem um medicamento de uso tópico. Por via oral não tem e é o que queremos fazer, diz.

Fernanda conta que decidiu trocar Londrina por Curitiba porque a UFPR possui a linha de pesquisa que ela queria desenvolver, sobre o Sistema Complemento. Resolvi me mudar para cá e investir nisso. Sou realizada na UFPR’, diz.