Entender como são construídos os telhados e as razões para as formas que assumiram, pode fazer a diferença na sua manutenção. As primeiras construções de alvenaria, de inspiração portuguesa, foram feitas com pedra e cal ou taipa de pilão e cobertas com telhas cerâmicas, com técnicas européias.

A primeira adaptação surgiu para evitar goteiras e infiltrações. José La Pastina Filho conta, no manual Conservação de Telhados, editado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2005, explica que os portugueses evitavam o uso da tesoura clássica, capaz de vencer vãos de até 20 metros, preferindo criar vários lanços, cobertos por telhados de duas águas. A água era escoada por calhas transversais aos edifícios, de cantaria ou telhões de cerâmica, insuficientes para o volume de água de uma chuva tropical. A solução foram as hoje tradicionais pingadeiras, que jogam a água do telhado para o fundo ou para a frente dos terrenos.

Os telhados de duas águas e esse sistema de calhas são, até hoje a solução mais comum, especialmente em construções simples. A partir do início do século 19, com a chegada das calhas metálicas de cobre, latão ou zinco, a água passou a ser levada até as calçadas por meio de um condutor vertical, que pode estar à mostra ou embutido na parede.

“No meio rural usavam-se telhados de quatro águas sem calha, o que deu origem às casas avarandadas, típicas da arquitetura colonial. O beiral largo era para resfriar o ambiente interno e jogar a água o mais longe possível da parede”, explica Regina Andrade Tirello, arquiteta responsável pelo programa Conservação e Restauração de Bens Arquitetônicos e Integrados da USP. “Nos centros urbanos as varandas encolhem e viram beirais, de cachorrada, cimalha ou de tijolos, simples ou com forro de madeira”, continua. Mais tarde ainda, com o Ecletismo, irão sumir por trás das platibandas, que junto com os beirais e altos das janelas, passam a fazer parte da decoração da fachada.

O Iphan recomenda fazer vistorias a cada dois meses nas telhas e sistemas de calhas; e semestrais na estrutura e sistema de sustentação do forro. Uma boa dica para evitar a presença de insetos e animais é colocar algumas telhas de vidro. A luz do sol ilumina e desinfeta o ambiente.