O Paraná possui uma flora bastante diversificada, dividida entre florestas e campos e abrigando uma variedade de plantas com árvores e flores de diferentes características. Toda essa riqueza, contudo, está ameaçada. De acordo com o Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), 57 espécies espalhadas pelas oito Unidades de Conservação (UC) da esfera federal que ficam em território paranaense estão ameaçadas de extinção.

Em todo o Brasil, país mais verde da América Latina, são 2.953 espécies em risco, de um total de 46.223 espécies da flora nacional. Num primeiro olhar pode parecer um número até pequeno, mas acontece que o grupo de ameaçadas representa quase metade das 6.046 espécies avaliadas — o que significa também que há informações sobre aproximadamente 13% da flora brasileira, apenas.

Isso tudo traz consequências potencialmente devastadoras para o meio ambiente e a sociedade, especialmente porque o ritmo da extinção das espécies é muito mais rápido que o da ciência para identificar e descobrir novas espécies. Estimativas apontam, inclusive, que ainda se desconhece entre 10% e 20% das angiospermas (plantas com flores e frutos), sendo que a taxa de extinção é 1.000 vezes maior do que o nível registrado historicamente.

No caso paranaense, os dados do CNCFlora revelam que as espécies ameaçadas se concentram todas na Mata Atlântica, formada atualmente por apenas 20% de sua cobertura original e responsável por pelo menos 60% das espécies de fauna e flora brasileiras ameaçadas de extinção. A Área de Proteção Ambiental de Guaraqueçaba, entre o litoral paranaense e a região metropolitana de Curitiba, ao lado do Parque Nacional do Iguaçu, na região oeste do estado, concentram o maior número de espécies ameaçadas, com 38 e nove espécies.

Dentre as famílias das espécies em situação mais dramática, o principal destaque é a myrtaceae, que inclui uma grande variedade de plantas cultivadas para fins econômicos e ornamentais, entre as quais as murtas, o cravinho-da-índia, a goiaba, e os eucaliptos.


Árvore símbolo do Estado também está na lista

Na Lista Nacional das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção consta ainda a araucária, árvore símbolo do Paraná e que corre alto risco de desaparecimento na natureza em um futuro próximo. Não à toa, a espécie aparece na lista de ameaçadas de extinção da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) e na Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção do Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Mais grave ainda que a situação ao longo das últimas décadas só piorou. Entre 1998 e 200 a Araucaria angustifolia era considerada uma espécie vulnerável. A partir de 2006, ascendeu à categoria de criticamente em perigo, tendo como principal causa a derrubada de florestas de araucária para a implantação de áreas de lavouras, principalmente grãos.
De acordo com o biólogo Gustavo Martinelli, coordenador do  Livro Vermelho da Flora do Brasil  (2013), ganhador o prestigiado prêmio Jabuti de literatura, as principais atividades que ameaçam a flora são as práticas insustentáveis na agricultura e na construção (principalmente projetos de infraestrutura), assim como os incêndios provocados pelo homem. Juntos, esses fatores representam quase 88% das ameaças.


País é obrigado a evitar o risco

A necessidade de o Brasil preservas melhor suas próprias espécies, seja na floresta ou na cidade, é algo urgente. É que em 2011 o país assinou a Convenção da Diversidade Biológica e as Metas de Aichi (2011), que obriga as nações signatárias a evitar a extinção de espécies ameaçadas.
É que ao assinar a convenção, o Brasil se comprometeu a preservar e manejar melhor sua biodiversidade. Uma das metas do acordo, inclusive, é que, até 2020, 75% das espécies de plantas ameaçadas devem estar conservadas em coleções ex situ e que pelo menos 20% da flora ameaçada seja utilizada em programas de recuperação e restauração de hábitats.