FERNANDA EZABELLA, ENVIADA ESPECIAL
VANCOUVER, CANADÁ (FOLHAPRESS) – São conversas sobre o futuro, e não discussões sobre o passado, que movem o mundo para um lugar melhor, acredita Chris Anderson, organizador de uma das conferências mais disputadas do ano, o TED, que começa nesta segunda-feira (24), em Vancouver, no Canadá.
Entre nomes conhecidos como o do empresário Elon Musk e da tenista Serena Williams, há na lista de palestrantes deste ano médicos com novas pesquisas, engenheiros com robôs superinteligentes, artistas com obras instigantes e especialistas em clima.
“O que mais me inspira no meu trabalho é a nossa comunidade”, disse Anderson para jornalistas. “Você vê israelenses e palestinos conversando, cristãos e muçulmanos conversando. E eles não estão brigando sobre suas visões da história. Eles estão sonhando com o que podem fazer juntos amanhã.”
A comunidade é feita pelos diversos eventos produzidos ao longo do ano pela marca TED, fundada nos anos 1980 na Califórnia. O evento de Vancouver é o principal, dura cinco dias com mais de 80 palestras de 18 minutos e inclui jantares, atividades como ioga e uma rede expansiva de contatos.
Os ingressos para 2017 se esgotaram e para 2018 custam de US$ 10 mil (R$ 31,5 mil) –se já for membro– a US$ 25 mil (R$ 79 mil), pois é preciso passar por uma seleção. Há também os TEDx, conferências organizadas de forma independente em diversos países; o TEDGlobal, com ênfase em questões internacionais e que teve uma edição no Rio de Janeiro em 2014; e um canal gratuito no YouTube com quase 7 milhões de assinantes e centenas de vídeos.
O tema deste ano é justamente o futuro, mas Anderson promete não deixar de lado questões levantadas durante a tumultuada eleição americana. Em tempos de fatos alternativos e opiniões radicais, ele acredita que o slogan do TED segue mais relevante do que nunca: “Ideias que valem a pena espalhar”.
“O TED é apartidário e estamos tentando fortemente não escolher lados e levar todas as preocupações a sério. Isso significa começar a reconhecer que muitos dos medos que as pessoas tinham são de fato legítimos”, disse Anderson, que lidera a marca desde 2001. “Acreditamos que ideias são fundamentalmente globais e pertencem a todos, cruzam fronteiras livremente. Queremos uma estrada aberta num mundo que está se fechando.”
Dois convidados vão falar sobre a questão dos refugiados, enquanto um painel inteiro com oito palestrantes vai abordar a questão do clima, incluindo uma especialista em icebergs e um meteorologista ex-oficial da Marinha. Há também um painel sobre inteligência artificial, que contará com Tom Gruber, cocriador da Siri (assistente por comando de voz do iPhone).
“Não vamos fugir de política, nem deveríamos. Será de forma indireta e queremos enquadrá-la de uma maneira mais atraente”, disse.
“O que realmente muda o futuro acontece completamente fora da política. Acontece dentro da mente de designers, inventores, empresários, tecnologistas.”
Anderson lançou em 2016 um guia de como falar em público (“TED Talks”, ed. Intrínseca) e afirma que não existe uma fórmula para chegar ao “estilo TED” de palestras. “A única coisa que esses ‘talks’ têm em comum é uma ideia boa. Eles chegam ao palco com esta intenção, como oferecer um presente, um conhecimento que importa.”
“Há milhares de jeitos de fazer isto e creio que este ano teremos mais variedade de estilos. Incentivamos todos a acharem seu próprio jeito de comunicar sua paixão”.