FERNANDA PERRIN
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A prevalência do acordado sobre o legislado em negociações trabalhistas depende de sindicatos fortes, o que só é viável por meio da manutenção da contribuição sindical obrigatória, disse o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira.
“Se nós queremos valorizar a convenção coletiva, os acordos coletivos, precisamos de sindicatos com autonomia e estrutura. Isso não é possível sem contribuição sindical. Essa é minha posição”, disse o ministro a jornalistas após participar de evento organizado pela União Geral dos Trabalhadores (UGT) em São Paulo nesta terça (25).
A proposta de eliminação do chamado “imposto sindical”, valor descontado anualmente do salário equivalente a um dia de trabalho, foi introduzido na reforma pelo relator do projeto, o deputado Rogério Marinho (PSDB-RN).
Apesar de sua posição, Nogueira disse respeitar a proposta de Marinho e a decisão que o Congresso tomar em relação à reforma, prevista para ser votada no plenário da Câmara nesta semana. “O governo respeita a vontade soberana do Congresso”, afirmou.
O texto original da reforma enviada pelo presidente Michel Temer ao Congresso em dezembro focava em alterar três pontos da CLT: garantir a prevalência do que for negociado entre sindicatos e empresas para algumas questões, como jornada de trabalho, regulamentar a representação de empregados em empresas com mais de 200 funcionários e regulamentar a jornada parcial.
O relator ampliou o escopo da reforma incluindo a regulamentação do trabalho intermitente, introduzindo uma nova modalidade de demissão e acabando com a necessidade de homologação da rescisão contratual pelos sindicatos, entre outros pontos.
O substitutivo apresentado por Marinho ao texto original do governo foi duramente criticado pelas centrais sindicais, que organizam uma greve geral nesta sexta (28) contra a reforma trabalhista e a da Previdência.
“O compromisso que assumi com o movimento sindical foi de não tratar sobre a contribuição sindical, o trabalho intermitente e sobre o princípio da pejotização. São pontos fundamentais que eu, como ministro do Trabalho, não vou surpreender o movimento sindical, faltando com eles a minha palavra”, afirmou.
Questionado se apoia o texto base do projeto que será votado, Nogueira reafirmou que o Congresso é soberano para tomar essas decisões.