MARCOS AUGUSTO GONÇALVES NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – Numa semana em que o presidente norte-americano, Donald Trump, procura retomar temas ligados às suas principais promessas de campanha, como a reforma tributária e um novo projeto para substituir o Obamacare, aumentam as expectativas sobre a assinatura de uma ordem executiva para renegociar a presença do país no Nafta -o Acordo Livre Comércio da América do Norte. Considerado pelo então candidato republicano como “o pior acordo de comércio” já firmado pelos Estados Unidos, a saída do bloco parecia estar destinada a acontecer logo nos primeiros dias de governo. No mês passado, porém, Trump deu sinais de que teria desistido de tratar a questão de maneira drástica. Agora o assunto volta ao noticiário em veículos como o jornal “The New York Times” e a rede CNN, que citam informações fornecidas por funcionários do governo sobre a possibilidade de o presidente determinar o início de um processo de 90 dias para negociar com México e Canadá a retirada dos EUA do acordo ou reformular suas regras básicas. Numa demonstração de que estaria disposto a endurecer com seus parceiros, o governo americano anunciou nesta terça-feira (25) que imporia tarifas à importação de madeira do Canadá. A decisão provocou pronta resposta do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que alertou para os riscos de decisões unilaterais elevarem barreiras comerciais que acabariam prejudicando os dois países, uma vez que “há milhões de bons empregos nos EUA que dependem do fluxo de bens, serviços e pessoas de um lado para o outro da fronteira”. Segundo o “New York Times”, um documento assinado por Stephen P. Vaughn, representante da área de comércio internacional do governo, indica que Trump pretende investir numa espécie de refundação do acordo, mudandosuas regras originais, que considera desequilibradas em relação aos EUA. Além de cumprir as promessas feitas a seus eleitores de trazer de volta ao país empregos da indústria automobilística, que foram exportados para o México, Trump pretende que os países-membros incluam mais produtos fabricados nos EUA em suas compras governamentais. O Nafta foi criado em 1993 e passou a vigorar em janeiro de 1994, num período em que a formação de blocos comerciais de livre-comércio se consolidava como uma tendência internacional. O objetivo do acordo é reduzir ou eliminar progressivamente barreiras alfandegárias entre EUA, México e Canadá. O bloco também firmou acordos preferenciais com outros países, fora da América do Norte, como o Chile, que usufrui de vantagens no acesso a esses mercados.