O Centro Cívico de Curitiba deve receber milhares de trabalhadores ligados às centrais sindicais, na manhã de hoje, para uma mega-manifestação nacional contra as reformas trabalhista e da Previdência, em curso no Congresso Nacional. Em Curitiba e região, são pelo menos 35 categorias que aderiram ao movimento, incluindo bancários, professores, motoristas de ônibus, servidores públicos do Estado e do Município, vigilantes, frentistas, carteiros e metalúrgicos. São esperados milhares de trabalhadores.

A principal manifestação acontece a partir das 9 horas na Praça Nossa Senhora de Salete. De lá, os trabalhadores seguem pela Avenida Cândido de Abreu, param e realizam um ato em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e depois vão para a Boca Maldita, onde encerram com novo ato. A previsão é que isso aconteça por volta das 14 horas.
Outros atos devem acontecer pela manhã, realizada pelos metalúrgicos, que também aderiram e vão paralisar as atividades durante o protesto. Além de Curitiba, estão marcados atos também nas principais cidades do Paraná, como Casacavel, Foz do Iguaçu, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Umuarama e Guarapuava.

O ato nacional une todas as centrais sindicais do País — UGT, CTB, a CSB, a Nova Central, a Força Sindical, a CUT, a Intersindical, a CSP-Conlutas e a CGTB.

Desconto

O dia nacional de greve também criou uma queda de braço entre os trabalhadores e as administrações do Estado e do Município. Ambosos governos emitiram notas, ontem, informando que o servidor que aderir ao dia de greve e não for trabalhar terá o dia descontado.

No caso do governo do Estado, o chefe da Casa Civil Valdir Rossoni disse que o governo reconhece o direito a manifestações, mas sugeriu que elas ocorram nos finais de semana, feriados ou fora do horário de expediente para não atrapalhar a população em geral. Estamos abertos a negociações, mas greve não acrescenta nada à sociedade paranaense. E quem não trabalha não recebe, disse.

MPT respalda paralisação
O Ministério Público do Trabalho (MPT) posicionou-se, em nota, a respeito da greve geral convocada para hoje. Segundo o texto assinado pelo procurador-geral Ronaldo Fleury, a paralisação tem respaldo jurídico na Constituição Federal e nos Tratados Internacionais de Direitos Humanos ratificados pelo Brasil.
Fleury considera, ainda, legítima a resistência dos adeptos da greve às reformas propostas pelo governo, reforçando que a instituição é também contrária a estas medidas. A nota vem em resposta à decisão do governo federal de cortar os pontos dos servidores públicos que aderirem à paralisação. Ontem, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), também se colocou contra as reformas.

Ministro convoca Força Nacional
Na véspera da realização da greve geral prevista ocorrer em diversos Estados do País, o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, convocou ontem, a Força Nacional para realizar protocolo de segurança, em torno da sede do ministério, em Brasília. De acordo com assessoria do ministério, a determinação do ministro para a realização da atividade foi para ontem, mas a Força Nacional estará preparada para qualquer “eventualidade” que ocorra nas manifestações previstas para hoje.
As proximidades do Congresso também foram gradeadas ontem com objetivo de isolar a Câmara e o Senado de possíveis investidas durante os protestos. A greve geral é organizada pelas centrais sindicais em protesto contra as reformas da Previdência e trabalhista. Segundo sindicalistas, a última grande paralisação envolvendo diversas categorias ocorreu em 1986, durante o governo Sarney, contra o Plano Cruzado.
Em Curitiba, a Secretaria de Estado de Segurança também informou que vai reforçar a segurança nas regiões onde acontecerem protestos, especialmente na região da Praça Nossa Senhora de Salete, que deve reunir milhares de pessoas.

Urbs pede frota mínima
A Urbanização de Curitiba S/A (Urbs) protocolou ontem o pedido na Justiça do Trabalho (2ª Vara) para que o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba mantenha em circulação, hoje, uma frota mínima de 80% de ônibus nos horários de pico e de 70% nos demais períodos do dia. Motoristas e cobradores estão entre as categorias que vão aderir à paralisação nacional. Até o fechamento desta edição não havia uma decisão da Justiça sobre o pedido da Urbs.
Em março, os motoristas e cobradores também participaram de um dia de greve geral nacional contra as reformas. Naquele dia, 15 de março, o transporte funcionou precariamente durante a manhã. De tarde, também foi parcial por causa da greve da categoria.

Prefeitura diz que escolas vão abrir
A Secretaria Municipal da Educação de Curitiba informa que as unidades escolares municipais estão orientadas a estarem abertas hoje, dia de mobilização nacional. Entretanto, diante da possibilidade de adesão de diversas categorias de trabalhadores ao movimento, incluindo motoristas e cobradores do transporte público, as aulas dependerão da presença dos profissionais da educação nas escolas e centros municipais de educação infantil (CMEI).
A orientação aos pais é para que levem seus filhos até as unidades, que deverão estar abertas. Desde que os professores estejam presentes, a aula será normal neste dia. Caso os responsáveis pelos estudantes tenham qualquer dificuldade, devem entrar em contato com o núcleo regional de ensino ao qual a unidade está vinculada. Parte dos diretores das unidades solicitou a suspensão dos serviços de transporte de acesso e alimentação para os estudantes, para que não haja desperdício.
Já nas escolas particulares, há aquelas que dispensaram os estudantes, hoje, como os grupos Medianeir a Marista.

Prefeitura de Pinhais decreta ponto facultativo
A greve geral convocada e organizada por diversas categorias em todo o País deve movimentar os municípios hoje. A mobilização é contra as Reformas da Previdência, Trabalhista e a Lei da Terceirização. Devido ao risco de a qualidade dos serviços públicos ser afetada, já que haverá entre outras situações a paralisação dos ônibus, a Prefeitura de Pinhais decretou ponto facultativo para hoje.
Os serviços essenciais, como pronto atendimento na saúde, SAMU, Guarda Municipal, Defesa Civil, Conselho Tutelar, entre outros, deverão funcionar mediante a organização de escalas pelos setores competentes.
Já os serviços públicos que são prestados em horário administrativo deverão ser repostos para que não haja prejuízo à população. Por exemplo: se um cidadão tinha uma consulta agendada em determinada Unidade de Saúde para esta sexta-feira, cabe à equipe responsável reagendar e efetuar este atendimento.