MARTHA ALVES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência deixou um rastro de destruição na região de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, na noite desta sexta-feira (28).
Um grupo de black blocs que se infiltrou na manifestação que ocorria nos arredores da casa do presidente Michel Temer e promoveu um quebra-quebra.
A reportagem flagrou na madrugada deste sábado (29) uma agência bancária do Bradesco depredada na rua Butantã. Por volta das 3h, funcionários de manutenção do banco faziam os reparos na agência que teve as portas de vidro quebradas.
A cerca de 3 km do banco, uma imobiliária teve a porta de vidro quebrada e notebooks roubados na rua Pedroso de Moraes. Segundo a empresária Maria Elisa Cortes Salgado, dona da imobiliária, vândalos utilizaram os dois vasos da entrada para quebrar a porta de vidro.
” O alarme disparou e fui avisada pela empresa de monitoramento de segurança à distância, não sei nem quantos computadores foram roubados”, falou Maria Elisa.
A empresária, que mora no bairro Campo Belo, teve que sair de casa por volta da 1h para ver os prejuízos causados no local. “Esta é a primeira vez que depredam a imobiliária, mas nos protestos do impeachment da Dilma eles picharam a fachada”, disse.
Um segurança passará a madrugada no local e Maria Elisa dormirá na casa de uma amiga no bairro. Neste sábado (29), ela terá que acionar alguma empresa para colocar uma nova porta na imobiliária.
Na mesma avenida, havia ao menos dois pontos de ônibus com os vidros quebrados. Em um deles, funcionários faziam a limpeza do local retirando os pedaços de vidro do chão.
Vários imóveis tiveram as fachadas pichadas na avenida Pedroso de Moraes com frases como “fora Temer”, “mate seu patrão” e a palavra “liberdade”. Na avenida Rebouças também havia pichações de “fora Temer”.
Apesar do bloqueio às ruas que dão acesso a casa do presidente Michel Temer, nos arredores havia lixeiras quebradas e lixo espalhado na esquina da praça Pero Vaz de Caminha com a rua Umburanas.
Por volta das 3h, garis ainda faziam a limpeza do largo da Batata que teve pontos de ônibus destruídos e o conteúdo de lixeiras usado para alimentar o fogo das barricadas feitas pelos black blocs.
Um gari, que ajudava na limpeza, disse que havia muita garrafa espalhada pela região e que foi preciso deslocar trabalhadores de outras regiões da cidade para ajudar. “Normalmente, quatro pessoas fazem a limpeza, mas hoje temos umas 20 para ajudar”, disse o gari, que costuma trabalhar no bairro da Lapa.
Mais cedo, um grupo de black blocs depredou o restaurante Senzala na praça Panamericana, por volta das 21h, após a PM dispersar a manifestação na região com bombas de efeito moral e cassetetes.
Segundo o maître Antônio Gomes, 54, os mascarados jogaram pedras e pedaços de pau aos gritos de “senzala nunca mais”.
Varridas do chão, as armas improvisadas foram enfileiradas em cima de uma das mesas. Algumas pedras têm o tamanho de um tijolo, com cerca de 1 kg. “Clientes ou fugiram sem pagar a conta ou se esconderam no banheiro”, disse Gomes.