DANILO LAVIERI E JOSÉ EDGAR DE MATOS
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A gestão Mauricio Galiotte adotou uma postura econômica com o objetivo de “se livrar” de Paulo Nobre, pelo menos politicamente falando. O novo presidente tem antecipado os pagamentos das dívidas com o antecessor para acelerar o fim de qualquer ingerência possível do antigo mandatário. A prática recebe críticas da oposição palmeirense.
Em vez de repassar os 10% das receitas mensais na data estipulada no acordo com Paulo Nobre, com juros mais baixos que o mercado, o Palmeiras usa dinheiro em caixa para pagar parcelas maiores a fim de reduzir rapidamente a dívida com o antigo dirigente.
A principal bandeira de Galiotte é encerrar todos os débitos -Nobre e Timemania- até o fim de 2018, data do fim do mandato. Encerrar a dívida com Paulo Nobre, acima do financeiro, carrega um peso político importante na atualidade, especialmente pela proximidade com Crefisa/FAM e WTorre, com quem o antigo mandatário teve desavenças.
A oposição, por outro lado, critica esta ação da diretoria de Mauricio Galiotte. Conselheiros ouvidos pela reportagem do UOL Esporte veem prejuízo financeiro para o clube com a antecipação dos débitos com Paulo Nobre.
O principal questionamento aponta para a utilização do dinheiro do próprio caixa -em vez de retirar apenas o proporcional das receitas mensais- para pagar uma fatia maior que aquela acordada anteriormente. Esse montante usado agora poderia, por exemplo, ser direcionado para algum investimento que renderia mais dinheiro no futuro.
Desta forma, o fluxo de caixa palmeirense acaba prejudicado e torna o clube refém da parceria com a Crefisa, apontam os opositores. Leila Pereira, proprietária da empresa e agora conselheira do Palmeiras, se desentendeu com Paulo Nobre e até evita citar o nome do antigo presidente em entrevistas.
A atual diretoria julga que é mais fácil assumir o risco de travar o fluxo de caixa neste momento e acelerar o mais rápido possível o pagamento a Paulo Nobre. A primeira expectativa apontava para o débito em dez anos, mas Galiotte quer encerrar a dívida no máximo até o fim do próximo ano.
Mesmo afastado da vida política do Palmeiras, Paulo Nobre ainda aparece como uma “sombra” para a diretoria. Além da gestão vitoriosa com Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro, o grupo do ex-presidente surge como principal opositor à gestão de Galiotte.
Para os “nobristas”, o adiantamento dos pagamentos é mais uma manobra política a fim de afastar ainda mais o antigo presidente do dia a dia político das alamedas do Palestra Itália. Paulo Nobre voltou ao Brasil e tem se concentrado nas competições de rali.