A Polícia Civil do Paraná, através da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), apresentou neste domingo (30) três suspeitos do assassinato do empresário Fabrizzio Machado da Silva, de 34 anos, morto a tiros em 23 de março, em Curitiba. As autoridades confirmaram que o crime foi encomendado devido à atividade de Fabrizzio – que presidia a Associação Brasileira de Combate a Fraudes de Combustíveis. Mas não confirmaram se isso teve ligação com a operação Pane Seca, que investiga fraudes em postos de combustíveis – também não descartam essa possiblidade.

A atividade dele (Fabrizzio) era de fiscal, a motivação do crime a princípio era em relação à atividade. Não podemos concluir que a morte foi razão da Operação Pane Seca. Mas pode concluir que foi em relação da natureza da atividade, disse o delegado Cássio Conceição, que conduziu a investigação. Ele foi um dos que apresentou os três presos, ao lado do secretário da Segurança Pública, Wagner Mesquita, do delegado Fábio Amaro, chefe da divisão, e do pelo delegado adjunto da Polícia Civil, Naylor Gustavo Robert de Lima.

Os suspeitos foram identificados com Patrick Jurczyszin Leandro, Ronei Dulciano Rodrigues e Onildo Chaves de Cordova II, que seria dono de quatro postos de combustíveis na Grande Curitiba. “O mandante do crime foi o Onildo. O executor é o Patrick”, disse o delegado. Segundo ele, Ronei teria intermediado o crime. Os três estão em prisão temporária. 

De acordo com o delegado, Patrick teria recebido R$ 5 mil num primeiro momento – o dinheiro foi usado para comprar uma arma e um carro que havia sido roubado em Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba. Temos plena convicção que o Onildo foi o mandante. Várias provas. Como foi pago, onde foi pago. O valor foi pago no posto. Houve a compra do Sandero, que era carro roubado, disse o delegado. Ele (Patrick) ficou 5 ou 6 dias acampando em um motel e gastou todo o dinheiro em droga e bebida.

Tivemos um grande passo com a prisão dos indivíduos. Pode ser que haja novas implicações em relação à Pane Seca, disse o secretário de Segurança, Wagner Mesquita. Com certeza, isso vai trazer novas implicações. Não posso adiantar, mas não vamos descartar nenhuma possibilidade. Entre as possibilidades, há a perspectiva que mais pessoas sejam presas. Segundo ele, a delegacia do Consumidor – em que está o inquérito da Pane Seca – e a de Homicídios – onde está o inquérito do assassinato – têm autonomia para conduzir as investigações.

Sobre a possibilidade de alguma informação ter vazado de dentro da Operação Pane Seca, e se isso teria levado à morte de Fabrizzio, as autoridades mostraram cautela. Essa informação não posso dar, falou Conceição. Qualquer vazamento de informação é preocupante. Vamos trata com profissionalismo, disse Mesquita. 

CRIME

Fabrizzio Machado da Silva foi assassinado em uma emboscada em frente à sua casa no dia 23 de março, na Rua Anastácia Dobrezynski, no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba. Um carro colidiu no veículo do fiscal quando ele entrava em casa. Quando desceu para ver o que aconteceu, o fiscal levou dois tiros no rosto e morreu no local, antes da chegada do socorro. No dia seguinte, o carro usado na ação criminosa foi encontrado incendiado.

A vítima trabalhou em diversas operações que teriam resultaram no fechamento depostos de combustíveis. Ele foi também representante no Paraná do Comitê Sul Brasileiro de Qualidade de Combustível e era presidente da Associação de Combate à Fraude no Combustível. Três horas antes do crime, ele deu entrevistas ao programa Fantástico, da Globo, sobre a operação.

OPERAÇÃO

Três dias após a morte do fiscal, a Polícia Civil deflagrou a Operação Pane Seca, que culminou na interdição de nove postos de gasolina em Curitiba e região metropolitana. Seis pessoas foram presas; outras seis são consideradas foragidas. Em 29 de março a polícia cumpriu outros mandados na 2ª fase da operação.