Contra tudo e todos empecilhos que surgem, a banda Titãs, uma mais icônicas do rock brasileiro, segue firme fazendo shows pelo Brasil, com um repertório de sucessos e trabalhando em novo álbum. A banda se apresenta amanhã no Guairão um show de grandes hits dos 35 anos de carreira e músicas novas e uma concepção diferente. É um show que valoriza também o intimismo e a proximidade com o público. Contra ainda com projeções especiais de Otávio Juliano, as músicas inéditas, os momentos acústicos, as pauleiras e os hits perenes são todos imperdíveis, explicou o guitarrista da banda, Tony Bellotto, em entrevista ao Bem Paraná. 

A saída de Paulo Miklos, anunciada no ano passado, marcou a quinta baixa da formação clássica do Titãs. Dos oito integrantes daquele time, já haviam deixado o grupo Arnaldo Antunes (em 1992), Nando Reis (em 2002) e Charles Gavin (em 2010). O guitarrista Marcelo Fromer morreu em 2001. Restam agora Branco Mello, Sergio Britto e Tony Bellotto. Questionado como é tocar agora com apenas com três integrantes originais, Bellotto diz que é inexplicável: É algo a ser explicado pela ciência ou pela metafísica, não sei. Eu não consigo explicar. Simplesmente vamos em frente.

Para dar fôlego ao grupo, estão na banda agora o guitarrista Beto Lee, filho de Rita Lee, e o baterista Mario Fabre, que vinha tocando com o Titãs desde 2010 na condição de músico convidado e passou a ser efetivado. Sergio Britto, Branco Mello e Tony Bellotto criaram um set acústico em que tocarão individualmente e em trio alguns clássicos titânicos há tempos fora de seu set list, como Isso, Enquanto Houver Sol, Toda Cor, Porque Eu Sei Que é Amor. Os Titãs também apresentarão algumas canções inéditas. Em entrevista ao Bem Paraná, Bellotto ainda falou sobre os planos de novo álbum, a onda dos anos 80, entre outros assuntos.

Bem Paraná — Como a banda se adaptou à saída de tantos integrantes tanto na produção de novos álbuns, quanto nos shows?
Tony Belloto — É difícil dizer, temos essa capacidade misteriosa de superar obstáculos, ganhar força e manter vivo o espírito do grupo diante das adversidades. É algo a ser explicado pela ciência ou pela metafísica, não sei. Eu não consigo explicar. Gostamos do que fazemos e quando alguém cai fora, dizemos simplesmente: Vamos nessa, vamos em frente.

BP — Quais são os integrantes agora da banda?
Belloto — Branco Mello, Sérgio Britto, Tony Bellotto, Mário Fabre e Beto Lee. Nos Titãs, os indivíduos sempre foram menos importantes do que o coletivo.

BP — O show comemora 34 anos de Titãs. Como será o repertório?
Bellotto — Mais do que comemorar os 35 anos de existência, estamos fazendo um show especial para teatro. Nele tocamos músicas de todas as fases de nossa carreira, desde Sonífera Ilha até algumas músicas inéditas, que farão parte de nosso próximo trabalho. E alternamos momentos mais pesados e elétricos, com outros, acústicos. Eu, Britto e Branco tocamos algumas canções cada um sozinho, e algumas nós três juntos. Nessa parte usamos apenas uma guitarra semiacúsitica, um violão e um piano. É um momento mais calmo, que depois se adensa, numa mostra do que são os Titãs na sua totalidade.

BP — Há planos para um novo álbum?
Bellotto — Sim, estamos preparando uma ópera rock, algo inédito no Brasil. Devemos gravar e lançar ainda esse ano. É um projeto monumental, muito interessante, e quem for ao Guaira poderá ver um pouco do que estamos tramando.

BP — Como a banda vê o mercado fonográfico do Brasil atualmente?
Bellotto — Acho que o mercado vive um momento de transição, se adaptando aos novos tempos. Mas não nos preocupamos muito com isso. O que nos motiva é fazer música, experimentar e criar coisas novas.

BP — Na opinião de vocês, a internet ajuda ou atrapalha?
Bellotto — Ajuda, claro! A internet é uma revolução muito bemvinda.

BP — Que sons novos vcs têm ouvido, tanto nacionais quanto internacionais?
Bellotto — Falo por mim, cada vez escuto coisas mais antigas. Kind Of Blue, o álbum icônico de Miles Davies, é algo que tenho escutado bastante ultimamente.

BP — Vocês acham que existe uma onda dos anos 80 e que isso ajuda de certa forma os Titãs?
Bellotto — Acho que existe um reconhecimento de que se fez boa música nos 80, e claro que isso nos ajuda, mas não somos passadistas, as glórias do passado nos interessam menos do que as surpresas do futuro…

BP — Alguma surpresa especial para o show no Guairão?
Bellotto — Esse show é uma surpresa em si! As projeções de Otávio Juliano, as músicas inéditas, os momentos acústicos, as pauleiras e os hits perenes são todos imperdíveis. (JR)