SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O lobista Ricardo Saud afirmou que a JBS pagou R$ 27,5 milhões em propinas ao então governador Sérgio Cabral em troca de uma fábrica em Piraí, no interior do Rio de Janeiro. Segundo depoimento de Saud, que operava para a empresa, a fábrica tornou-se da JBS sem qualquer pagamento à antiga proprietária do local, a BR Food. Ele conta que havia em Piraí uma fábrica “novinha, com equipamentos montados”, parada há dois anos, que poderia ser tomada pelo Estado, já que a BR Food tinha recebido incentivo do governo. Cabral então cedeu à JBS a fábrica. “Nem nós acreditávamos nisso”, disse Saud.

O lobista diz que perguntou a Cabral “Quanto é que vai ter que pagar? Qual é a propina?” (pelo trâmite). Segundo ele, o governador respondeu que precisaria ganhar a eleição — no caso, seu candidato Luiz Fernando Pezão, eleito governador em 2014. Ainda de acordo com o lobista, Cabral disse que precisava de dinheiro e tempo de televisão. O governador pediu um valor entre R$ 30 milhões e R$ 40 milhões — fechado em R$ 27,5 mi — e que o lobista intercedesse a seu favor com presidentes de outros partidos pelo tempo de televisão na campanha — o que não teria sido feito. Saud afirmou que R$ 20 milhões foram pagos em “dissimuladas doações oficiais” (para o PMDB, partido de Cabral; com a exceção de R$ 900 mil para o PDT) e R$ 7,5 milhões em espécie, distribuídos em três entregas a Hudson Braga, ex-secretário de Obras de Sérgio Cabral. Questionada sobre a mudança em Piraí, a BRF ainda não se manifestou.