Há três anos, Tacy de Campos era uma jovem extraordinariamente tímida recém-chegada do frio de Curitiba para assumir, no Rio, o papel de Cássia Eller (1962-2001) no musical que viria ser aplaudido por plateias de todo o País. Era tão introvertida que mal se ouvia sua voz nas entrevistas que precederam o lançamento do espetáculo. Nele, paradoxalmente, ela tirava a camiseta e mostrava os seios, ao modo Cássia, já na primeira cena.

Vinte e sete estados percorridos e mais de 500 apresentações depois, uma Tacy confiante e sorridente fala agora de seus novos e ainda maiores desafios: a carreira profissional de cantora e compositora e a esperada estreia em CD, com o roqueiro .

Cássia é como se fosse uma madrinha, ela uniu muita gente. Eu não teria conhecido nenhuma dessas pessoas se não fosse a peça, diz Tacy, cujo timbre, os vibratos, o sotaque e o modo de cantar se assemelham imensamente aos de Cássia. Eu entendo as pessoas falarem que parece. Geralmente levo na boa. Eu sei que não sou igual, quem diz que sou é porque não me conhece. O disco deixa isso bem claro. Uma hora vão me conhecer.

Tacy se apresenta na abertura do disco, na dançante Manifesto da canção, que serve de carta de intenções ao ouvinte: O que é uma poesia?/ Será isso uma canção?/ Escrevo porque preciso/ Pra consertar meu coração. Em Sem ser, ela fala dos tropeços e acasos da vida, e se desculpa: Não me leve a mal/ Não faço por mal / É meu natural/ Quase tão normal. Em meu lugar narra de forma irônica a morte de um relacionamento, num clima de saloon.