A polêmica campanha do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPcD) que inicialmente espalhou outdoors pelo fim dos privilégios a deficientes foi o assunto do dia na sessão de ontem da Câmara de Vereadores. José Carlos Chicarelli (PSDC) apresentou moção de repúdio contra a iniciativa, classificada por ele de totalmente ridícula e pediu a demissão da secretária especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Mirella Prosdócimo. A campanha foi provocativa e onerou os cofres públicos. Não quero acreditar que quem defende as pessoas com deficiência tenha aprovado isso, disse. O vereador Mauro Ignácio (PSB) definiu a ação como equivocada, por não trazer ações concretas para a pessoa com deficiência, como o apoio para as escolas especiais.

Privilégios
Outros parlamentares, porém, defenderam a campanha, afirmando que ela chamou a atenção, em todo o país, para as dificuldades enfrentadas pela pessoa com deficiência. Eu, como único vereador a ter uma deficiência (a amputação do antebraço esquerdo), me senti representado, defendeu Pier Petruzziello (PTB). A campanha foi colegiada, do Conselho, e não da Prefeitura de Curitiba. Deu tão certo que a presidente da entidade foi chamada para participar do programa ‘Encontro’, com a Fátima Bernardes. Domingo estará no Fantástico, também da Rede Globo, revelou ele. Petruzzielo apoiou o uso da palavra privilégios. Ela foi proposital, justamente porque a maior parte das pessoas acha que temos privilégios. Mas o que existem são direitos. Pega um ponto crucial, disse.

Saudosismo
Chico do Uberaba (PMN) — que se notabilizou por ter dito reclamado que os vereadores da Capital pagam para trabalhar aproveitou a discussão para manifestar certo saudosismo pelo período em que a Câmara era presidida pelo ex-vereador João Cláudio Derosso. Depois de comandar a Casa por quinze anos, Derosso foi obrigado a renunciar, após ser acusado de gastos irregulares com publicidade. Na época do Derosso vereador era respeitado nessa casa, disse Uberaba, que não era vereador nesse período, mas afirmou ter ouvido comentários dos colegas sobre a gestão dele. Se tinha um problema ele pegava o telefone e falava: ‘O que está acontecendo, secretário?’, afirmou o parlamentar do PMN.

Custo
Os vereadores aprovaram pedido de informações à prefeitura sobre o valor gasto na campanha, a origem dos recursos e a quem coube a atualização do perfil no Facebook do suposto Movimento pela Reforma de Direitos, entre outras perguntas.

Verba
O procurador Regional Eleitoral, Alessandro José Fernandes de Oliveira, pediu à Assembleia Legislativa dados detalhados a respeito dos gastos dos deputados estaduais entre 2010 e 2014 com a chamada verba de ressarcimento. Segundo fontes do Legislativo, o objetivo seria embasar uma eventual investigação sobre o uso dessas verbas em campanhas eleitorais. E também promover o cruzamento desses dados com o de empresas que teriam feito doações eleitorais aos parlamentares.

Coincidência
O pedido preocupou os parlamentares, já que chegou à Assembleia no mesmo dia em que uma operação do Ministério Público Estadual foi deflagrada para investigar crimes eleitorais que supostamente envolveriam o deputado Bernardo Ribas Carli (PSDB), que chegou a cumprir mandado de condução coercitiva, expedido pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná. Cada deputado estadual tem direito a R$ 31,4 mil mensais de verba de ressarcimento para despesas com telefone, correspondência, combustível, transporte, alimentação, e outros.