GUSTAVO URIBE, BRUNO BOGHOSSIAN E DANIEL CARVALHO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Com a desistência de suspender o inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal) contra ele, o presidente Michel Temer iniciou estratégia para tentar recuperar fôlego junto à base aliada e pulverizar a atual crise política. Nesta segunda-feira (22), o peemedebista mobilizou líderes de partidos governistas a aprovarem nas próximas duas semanas um pacote econômico que consiga reverter o mau humor contra a gestão peemedebista e recuperar o apoio de setores da sociedade civil e do mercado financeiro, um dos principais pilares de seu mandato.

A defesa do presidente decidiu retirar nesta segunda-feira (22) o pedido de suspensão do inquérito aberto contra o presidente após a delação de Joesley Batista. Esse julgamento era visto na base aliada como um termômetro da força do peemedebista após as acusações. O governo peemedebista, no entanto, avaliou que as chances de derrota eram grandes e passou a ter o receio de que os partidos de sua coalizão o abandonasse.

Nesta segunda-feira (22), Temer atendeu a uma demanda da base aliada e irá elaborar uma versão mais generosa do PRT (Programa de Regularização Tributária), que institui uma nova regra de refinanciamento de dívidas com a Receita Federal, o chamado Refis. Em reunião com a equipe econômica nesta segunda-feira (22), ele determinou que fosse redigida uma emenda que proponha uma nova versão do programa, mais favorável aos devedores do que a proposta original do governo, editada em medida provisória em janeiro.

O peemedebista também tentará dar uma demonstração de força com a aprovação do projeto de convalidação de incentivos fiscais, além das medidas provisórias de reajuste para auditores da Receita Federal, de regularização fundiária e de retomada no pente-fino sobre benefícios do INSS. Nesse esforço, o peemedebista também se reuniu nesta segunda-feira (22) com parlamentares governistas e com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A estratégia do presidente, contudo, pode se tornar um tiro no pé na avaliação de parlamentares aliados. Isso porque, caso ele tenha dificuldades ou seja derrotado, significará uma derrota pessoal e poderá fragilizar de vez a gestão peemedebista, demonstrando que não conta mais com apoio no Congresso Nacional. Em outra frente, o presidente se reunirá com as bancadas de legendas que têm ensaiado o desembarque do governo, como PSDB, DEM e PPS. A avaliação é que, com a desistência, o peemedebista deixa de estar em compasso de espera e ganha mais tempo de negociação com as siglas aliadas. No PSDB, a impressão é que a decisão ampliou as incertezas no governo peemedebista. Os tucanos estavam dispostos a esperar a Suprema Corte antes de reavaliar seu apoio ao presidente, mas agora acreditam que a retirada pode gerar um clima de instabilidade e aumentar as pressões para que a sigla defina seu caminho.