RAFAEL BALAGO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O  Instituto Brasileiro do Direito de Defesa (Ibradd) protocolou nesta segunda-feira (22) no STF (Supremo Tribunal Federal) um mandado de segurança que pede o cancelamento da homologação do acordo de delação premiada do grupo J&F, que inclui a empresa JBS. A entidade considera que o acordo foi “light e extremamente favorável” aos executivos e que a homologação deveria ter sido feita pelo plenário do STF, e não apenas por decisão do ministro Edson Fachin. O Ibradd lembra que a JBS teve faturamento de R$ 170 bilhões em 2016 e considera “insignificante” a multa proposta aos colaboradores, de R$ 110 milhões, e ao grupo de empresas, de R$ 11 bilhões. Os valores ainda estão sendo negociados. O mandado pede que a homologação seja cassada para que os colaboradores possam voltar a ser alvo das ações penais que estavam em curso, incluídos em novas denúncias criminais e presos de forma preventiva. O acordo de colaboração foi homologado por Fachin na semana passada. Em troca da delação, que cita o presidente Michel Temer, o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e outros políticos, os executivos da empresa, como os donos Wesley e Joesley Batista, foram autorizados a deixar o país. No pedido, a entidade defende que o acordo “jamais poderia ter sido homologado em segredo de justiça, por decisão monocrática, sem fundamentação idônea que viesse a enfrentar a proporcionalidade, razoabilidade e moralidade entre a colaboração e a respectiva premiação concedida fora do tradicional rigor e austeridade do Ministério Público”. O documento também questiona a imparcialidade do MP no caso, ao lembrar que Marcello Miller, ex-procurador da República que trabalhou na Lava Jato e hoje integra o escritório de advocacia que ajudou a JBS a preparar seu acordo de delação. O pedido é assinado por Ricardo Hasson Sayeg, Roberto Parentoni e outros três advogados.