BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Três partidos de oposição -PSOL, Rede e PSB- protocolaram nesta segunda-feira (22) pedido de cassação do deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por quebra de decoro parlamentar. Rocha Loures aparece citado pelo presidente Michel Temer como seu homem de confiança e com quem Joesley Batista, da JBS, poderia tratar “tudo”. Ele também foi flagrado recebendo uma mala em que, segundo delações da JBS, havia R$ 500 mil em propina.

“As imagens comprovam um comportamento inteiramente incompatível com a honra que se espera no exercício do cargo de deputado federal”, disse o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ). Em entrevista à Folha de S.Paulo, o presidente tentou se distanciar do deputado e disse que ele “certamente foi seduzido por ofertas mirabolantes e irreais”.

O deputado foi assessor pessoal de Temer desde que o peemedebista assumiu o Planalto -já trabalhava com ele na Vice-Presidência. O PMDB seguiu Temer e também passou a rifar Loures. A mala com R$ 500 mil de dinheiro da JBS recebido Rocha Loures (PMDB-PR) está desaparecida. Segundo o Ministério Público Federal, o pagamento era por uma ajuda prometida pelo deputado para defender os interesses da empresa no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

Em uma conversa gravada, Joesley Batista, um dos donos da JBS, ofereceu propina em troca de que o parlamentar interviesse em uma disputa envolvendo preço de gás. Ainda segundo a delação, havia promessa de que, se resolvido o imbróglio, Rocha Loures poderia receber semanalmente até R$ 1 milhão, dependendo do lucro. O Ministério Público suspeita que o presidente tenha sido também um dos destinatários da propina. No pedido de abertura de inquérito, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vê indícios de corrupção passiva, formação de quadrilha e obstrução de Justiça em práticas relacionadas a Temer.