JOSÉ EDUARDO MARTINS E PEDRO LOPES
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O Rogério Ceni que apareceu na sala de imprensa do Morumbi depois da vitória por 2 a 0 sobre o Avaí, nesta segunda-feira (22), foi bem diferente daquele que concedeu a tensa entrevista coletiva depois da eliminação na Sul-Americana diante do Defensa y Justicia (ARG). Mais leve, o treinador do São Paulo brincou com seu hábito de apresentar números depois das partidas, admitiu não se achar uma pessoa simpática e reconheceu que seu time venceu sem apresentar um grande futebol.
Ao longo da semana, Ceni foi alvo de uma figura de linguagem de Lugano, que disse que o comandante havia faltado na aula de “encantador de serpentes”. Outras pessoas próximas ao técnico também abordaram, em conversas com ele, a entrevista da eliminação na competição continental. Nesta segunda, se não chegou a “encantar as serpentes”, Rogério deixou a sala sem mordidas.
LIGHT
“Me acho bem educado. Vi treinadores que não tratam vocês [imprensa] bem (risos). Talvez não tenha dado a resposta que vocês queriam. Mas acho que falei com educação. Faltei a essa aula, continuei faltando e vou faltar até o fim da carreira. Porque se ter convicções e ser original tiver de passar por essa aula, eu realmente pulei. Mas o Lugano tem total razão no que ele fala. Espero não ser deselegante ou mal educado. Talvez não tenha o sorriso que outros têm ou não consiga ser tão simpático aos olhos de vocês, mas espero que sempre tenha educação e respeito com trabalho de vocês”
VAIAS
“O torcedor é impulsivo, a gente é que não pode ser. Eu acho muito legal essas diferenças, afinal se a gente não souber conviver com essas diferenças, não é legal. João teve papel importante e Cueva saiu pelo cansaço. Então não era vaia para o Cueva, era para o treinador (risos). Já isentamos o Cueva de qualquer coisa, é o mais importante, porque hoje ele é mais importante do que eu para o São Paulo”
ESTATÍSTICAS
“Veja bem, se você vence… aprendi, infelizmente eu gosto de outros tipos de números (risos). Mas prometo que não vou falar de números com vocês, porque vocês não gostam disso e eu não posso falar mais. Me colocaram essa… os números eu guardo para mim”.
VITÓRIA
“Quando jogo bem, fico feliz porque penso que meu trabalho surtiu efeito. Vou sempre mais feliz para casa quando controlo o jogo, finalizo mais, tenho melhores números do que o adversário. As vezes, como hoje, isso não acontece. Fomos melhores no primeiro tempo, o segundo foi muito equilibrado, tivemos uma atuação defensiva segura, isso é destacável. Um jogo como hoje não me dá tanto prazer.
CUEVA
“Segunda, terça e quarta ele trabalhou dois períodos, para melhorar a parte física. Tentamos dar uma ênfase maior a ele e Maicon para evoluírem fisicamente. Ele é um jogador importantíssimo, nosso principal armador. Eu não escutei nada da torcida, talvez por estar concentrado. Ele saiu pelo cansaço., estava ajudando na marcação, mas motivado e bem fisicamente, talvez seja um dos melhores meias do país”.
PALMEIRAS
“É um clássico. Uma vitória num clássico especialmente contra um time com tanto dinheiro, novas opções e novo treinador seria fundamental. Mesmo sem o poder de contratação do Palmeiras. Será um bom jogo, pegado. O jogo na casa do Palmeiras [3 a 0, pelo Paulista] foi bem equilibrado no primeiro tempo. Levamos o gol em um lance fora da realidade do futebol, aí no segundo tempo fizeram o segundo e o terceiro quando tentamos atacar. Espero que seja diferente. Me preocupo muito com o Thiago Mendes, machucado, ele é muito importante”
CLÁSSICO
“Eu não trabalho só como treinador do São Paulo, trabalho como um cara apaixonado por esse clube. Se o torcedor vai chateado embora para casa quando perde no Morumbi, imagina eu que morei aqui, que vivi aqui debaixo, que passei mais de 60% da minha vida aqui. Eu espero que o torcedor entenda a diferença entre os clubes, a diferença financeira, de poder aquisitivo, mas vamos tentar na alma, no coração, equiparar essa diferença, sim”
LUGANO
Coloquei o Lugano na sobra, onde ele já jogou e também pela sua liderança, por sua figura dentro de campo. Não é jogador que possa fazer essas sequência de sete jogos em um mês, ele se condiciona muito bem, mas precisamos entender que o tempo passa para todos”
THIAGO MENDES
“Eu torço primeiro para que não seja nada grave com o Thiago. Ele falou que estalou o joelho e assim a gente fica muito preocupado, porque o Morato foi parecido, no jogo treino [o atacante precisou passar por cirurgia e pode não jogar mais em 2017]. E o Thiago é uma peça fundamental dentro de campo. multifuncional, e eu não tenho outro jogador com as mesmas características. Tenho o Wesley, o Araruna, que em tese não tem a mesma chegada, mas tem a dinâmica. Não tenho nenhum outro, e por isso espero que não seja nada e ele possa enfrentar o Palmeiras”.
REFORÇOS
“Existem dificuldades que atravessa, a gente tenta fazer contratações com o poder aquisitivo que tem. Vamos tentar se possível trazer reforços de qualidade, mas dependemos do lado financeiro. Tenho certeza de que o Vinicius [Pinotti, diretor de futebol] e o Leco [presidente], todos estão pensando em uma equação para reforçar o elenco”.
CUCA
“Cuca foi meu treinador, tem sempre uma boa estratégia de jogo. Vai ser complicado, o conheço bem a maneira como ele armava o São Paulo. Chegamos à semifinal da Libertadores, numa competição em que o Once Caldas eliminou o Santos, nós e o Boca”
TRAJE SOCIAL
“Sempre fui um cara largado, sou largado todos os dias, vou treinar de bermuda, agasalho. Eu me visto assim por respeito à instituição, nem sei isso é se vestir bem. Acho que é bacana pela imagem do clube, que é levada por tantas emissoras. Não saio, não vou a festas, restaurantes, não saio, então pretendo continuar assim, duas vezes por semana pelo menos, se vocês me deixarem (risos). Eu gosto muito do azul, as cores mais neutras, eu acho mais bacana, sempre o mais básico. Não entendo nada de moda, tento me vestir o básico, o que também não tem importância se você não ganhar o jogo”