Em “Paulinho da Viola – Meu Tempo É Hoje”, documentário de Izabel Jaguaribe, de 2003, os fãs do mestre puderam observar sua intimidade, conhecer sua família, descobrir suas habilidades como marceneiro e jogador de sinuca. No DVD “Acústico MTV”, o primeiro da carreira, que chegou às lojas pela Sony BMG (também em CD), novos depoimentos nos revelam qual é seu método de trabalho, quem são seus ídolos, como foi o começo da carreira. No set list, os sambas mais populares de Paulinho, registrados em julho, num show em São Paulo.

É um sucesso atrás do outro: “Timoneiro”, “Coração Leviano”, “Onde a Dor não Tem Razão”, “Para um Amor no Recife”, “Pecado Capital”, “Dança da Solidão”, “Foi um Rio Que Passou em Minha Vida”, “14 anos”. Para encerrar, “Eu Canto Samba” – “Há muito tempo eu escuto esse papo furado/dizendo que o samba acabou/só se foi quando o dia clareou”. Metido num paletó creme e calça escura, muito alinhado, como sempre, Paulinho aparece com violão e cavaquinho, num banquinho.

Uma música nova é a alegre “Talismã”, letra da amiga Marisa Monte e de Arnaldo Antunes. Paulinho entregou a melodia e se surpreendeu quando, em pouco tempo, soube que a letra estava pronta. “Achei que levaria anos”, brinca o compositor no making of do DVD, em que surge muito à vontade, com a serenidade e a voz mansa pelas quais é conhecido.

Paulinho fala com base na própria experiência. Ele diz que peleja para compor, atividade que não considera fácil, muito menos prazerosa. Parceria com Eduardo Gudin, “Ainda mais”, incluída no show, ficou pronta depois de 11 longos anos. “Tenho muita dificuldade. Para se ter uma idéia, para fazer um simples bilhete, está arriscado eu não fazer. Eu começo a mexer naquilo e não sei mais o que vou dizer”, conta, com graça.

No show – que não precisou de grandes adaptações de instrumentos, uma vez que o samba já é quase todo acústico -, Paulinho foi acompanhado pelos músicos que tocam com ele há décadas, além de um valioso reforço de cordas. Ele tem a seu lado também o filho João Rabello, violonista (no lugar de seu pai, César Faria, do lendário conjunto Época de Ouro, que não toca mais por causa da idade), e da filha Beatriz, que integrou o coro. A regência, os arranjos e o piano são do compadre Cristóvão Bastos. Paulinho é o terceiro convidado da MTV do mundo do samba: Zeca Pagodinho e o grupo Art Popular já participaram.