MARIA LUÍSA BARSANELLI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Principal palco da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), a Tenda dos Autores irá migrar para um espaço menor e mais central em sua próxima edição, que acontece de 26 a 30 de julho.
A programação agora irá ocupar a Igreja da Matriz, com capacidade para 450 pessoas -a Tenda dos Autores contava com 750 lugares. Por outro lado, haverá mais cadeiras (700 neste ano contra 200 do ano passado) para quem quiser assistir às mesas por um telão, do lado de fora e com entrada gratuita.
“Percebemos, principalmente na Flip do ano passado, uma migração forte de pessoas que normalmente frequentavam a Tenda dos Autores [com ingressos a R$ 50] para essa experiência do telão”, afirma Mauro Munhoz, diretor-presidente da Casa Azul, organização que promove a festa literária.
Ele credita a mudança a fatores como a crise econômica e a “preferência [de espectadores] por locais abertos”.
Segundo Munhoz, contudo, a mudança da programação para a praça da Matriz, onde se localiza a igreja, “tem um caráter simbólico, de centralidade, principalmente relacionado às festas tradicionais de Paraty”. A igreja também recebe outras programações culturais da cidade fluminense, caso do festival Mimo e do Paraty em Foco.
ORÇAMENTO
Mas nem só os espectadores se viram afetados pela crise. Desde 2010, a festa literária vê seu orçamento em queda. Agora, a verba de montagem do evento sofreu mais um corte: passou de R$ 5 milhões em 2016 para R$ 3,7 milhões neste ano.
A programação da festa, com 19 mesas, tem o apoio de casas parceiras, afirma o diretor-presidente. Neste ano, a Fundação José Saramago, com sede em Lisboa, em parceria com a Fundação Casa de Jorge Amado, planeja uma casa para celebrar a amizade entre os dois escritores. O ministério da Cultura de Portugal também está envolvido.
A jornalista espanhola Pilar del Río, que dirige a instituição lisboeta e foi casada com Saramago, é uma das convidadas da programação principal da Flip neste ano.
Esta edição ainda recebe a escritora luso-angolana Djaimilia Pereira de Almeida (autora de “Esse Cabelo”), o rapper angolano Lutay Beirão -que ficou conhecido após ser preso em 2015, acusado de preparar um golpe contra o presidente de seu país, José Eduardo dos Santos, no cargo desde 1979- e Scholastique Mukasonga, autora nascida em Ruanda e radicada na França.