NICOLA PAMPLONA RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) anunciou nesta terça (23) a abertura de dois novos processos para investigar a JBS. Um deles vai apurar quem são os controladores da Blessed Holdings, que tem uma participação minoritária na empresa controlada pelos irmãos Batista. Com os dois novos processos, já são sete os procedimentos abertos para investigar a JBS desde a divulgação da delação premiada dos controladores da empresa, na semana passada.

Na sexta (19), foram abertos os cinco primeiros, com foco em operações feitas nos mercados de câmbio e de dólar na véspera da divulgação. De acordo com a CVM, as investigações sobre a Blessed têm o objetivo de analisar “a veracidade da divulgação dos controladores diretos e indiretos”, incluindo as pessoas físicas, desta empresa.

A Blessed é sediada no estado americano de Delaware, que tem regras semelhantes às de paraísos fiscais. Em 2014, após consulta do próprio órgão regulador, a JBS informou que a Blessed era controlada por Lighthouse Capital Insurance e US Commonwealth Life, empresas sediadas, respectivamente, nas Ilhas Cayman e em Porto Rico, também paraísos fiscais. Em seus sites, as duas empresas apresentam como contatos os mesmos executivos: Colin Murdoch-Muirhead, como responsável pela área de relacionamento com clientes e desenvolvimento de negócios; Paul G. Backhouse, responsável pela Grã-Bretanha e Europa; e James A. Walker Jr, responsável legal. Os telefones dos três também são os mesmos nos dois sites. Entre os nomes disponibilizados pelas empresas, apenas o responsável pela administração é diferente.

A Blessed já foi alvo de uma disputa judicial entre os controladores da JBS e a família Bertin, que acusava os Batista de controlarem a empresa, o que eles negaram. Em outro processo aberto nesta terça (23), a CVM vai analisar se os acionistas controladores da JBS cumpriram os deveres fiduciários previstos na Lei das SA, que regula empresas de capital aberto, que os obrigam a agir com diligência, lealdade e a não intervir em caso de conflito de interesses.