O mundo tem enfrentado diversos casos de corrupção nos últimos anos, dentre os quais podemos citar os desvios da Petrobras que deram origem à Operação Lava-jato no Brasil, o caso que culminou com a queda da presidente Sul-coreana e o escândalo dos Panamá Papers, entre outros. Casos como esses mostram que a corrupção é um mal que assola os países, independente do seu tamanho ou riqueza.
Segundo José Ugaz, presidente da Transparência Internacional, em muitos países, as pessoas são privadas de suas necessidades mais básicas e vão dormir com fome todas as noites por causa da corrupção, enquanto os poderosos e corruptos aproveitam estilos de vida luxuosos de forma impune.
A Organização das Nações Unidas (ONU) destaca que a corrupção é uma praga insidiosa, com um efeito corrosivo, que mina a democracia e o Estado de Direito, aumenta as violações dos direitos humanos, prejudica a qualidade de vida e permite que crimes organizados, terrorismo e violência floresçam.
E juntamente com esse aumento nos casos de corrupção temos acompanhado diversos casos de violência, onde o maior expoente acaba sendo o conflito armado na Síria, que tem gerado uma legião de imigrantes.
Diversas entidades têm se dedicado à mensuração da corrupção e violência no mundo, dentre as quais podemos citar a Transparência Internacional, que lançou em 1995 o indicador denominado Índice de Percepção da Corrupção (CPI – Corruption Perceptions Index), que busca mensurar o grau de percepção de corrupção dos países. Quanto maior o índice de um país, mais honesto ele é. Quanto à violência, o Instituto pela Economia e Paz lançou no ano de 2007 o Índice de Paz Global (GPI – Global Peace Index), com a finalidade de medir o grau de pacificidade dos países. Quanto maior o índice de um país, mais violento ele é.
Ao analisar estatisticamente os dados relativos à corrupção e violência entre 2012 e 2016 em 166 países, constata-se que os 50% dos países com índices mais elevados de corrupção também apresentam índices superiores de violência, em comparação com os 50% dos países com menor índice de corrupção. Essa constatação corrobora de forma quantitativa teses como a do relatório Peace and Corruption, do Instituto para Economia e Paz, que indicam a corrupção como uma das causas da violência.
Quando se avalia o comportamento dos índices de corrupção e violência ao longo dos últimos 5 anos (2012 a 2016), podemos perceber que os índices de corrupção e violência apresentam discreta melhora nos países mais honestos, enquanto pioram nos países mais corruptos, conforme tabela abaixo:
O caso do Brasil é ainda muito preocupante. Considerado o 69º país mais corrupto (enquadra-se entre os 50% mais honestos) e o 59º país mais violento em 2016, há uma piora significativa no índice de corrupção brasileiro entre 2012 e 2016, da ordem de 6,98%. Esse número parece baixo, mas ao compararmos o Brasil com os países que possuem os 50% maiores índices de corrupção, percebemos que esses países tiveram uma piora de apenas 0,39% no seu índice médio de corrupção, ou seja, a velocidade que a corrupção tem aumentado no Brasil é muito maior que nos países mais corruptos do mundo.
Essa diferença se faz mais evidente quando comparamos o Brasil aos países mais honestos do mundo, que tiveram uma melhora nos seus índices de corrupção, que já eram elevados, da ordem de 0,19%, ou seja, estamos ficando para trás desses países.
Quando falamos em violência o cenário não é diferente. Ao analisarmos os índices de violência dos países mais honestos do mundo percebemos que houve uma queda média de 2,38% nos níveis de violência desses países, ao passo que o Brasil apresentou uma piora de 4,31% na violência no mesmo período. E, se comparamos a violência do Brasil com os países mais corruptos do mundo, percebemos que o crescimento da violência desses países foi de 0,81% em igual período. Estamos nos tornando mais violentos que os países mais corruptos do mundo.
Assim, podemos ver que o combate à corrupção é de fundamental importância para que possamos avançar como uma nação, pois o efeito da corrupção impacta a sociedade como um todo, seja nos elevados níveis de violência, na falta de recursos para saúde, educação ou para melhoria do bem-estar da população. Os primeiros passos começamos a dar, o que nos resta agora é torcer para a eficiência e efetividade dos mesmos.

Alexandre Andrioli Iwankio é diretor da Iwankio Consulting, André Francisco Alves é pesquisador do Centro de Pesquisas ISAE/FGV, e Lilian da Silva Dias é professora da Unespar Lilian da Silva Dias