O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato afirmou hoje que o Ministério Público Federal vai recorrer da decisão do juiz Sérgio Moro, que ontem absolveu a mulher do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB/RJ), a jornalista Cláudia Cruz, acusada de lavagem de dinheiro. Moro considerou que não havia provas para condená-la, apesar dela ter recebido US$ em 1 milhão em uma conta secreta na Suíça, e feito gastos em viagens na Europa com cartão de crédito bancado pelo marido. Cunha está preso em Curitiba desde o final do ano passado, acusado de ter recebido US$ 5 milhões em propina em troca de contratos da Petrobras. 

Segundo o procurador, a 41ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada hoje, também envolve a investigação de parte de valores de propina que teriam sido destinados indiretamente à jornalista através de Cunha. Nós sabemos que parte desses valores (recebidos por Cunha) foi utilizado por Cláudia para comprar bens de alto valor, afirmou Lima Acredito que isso (a decisão do juiz de absolver Cládia Cruz) decorre muito mais do coração generoso de Moro, que a absolveu por ser esposa de um criminoso, ligado a corrupção, avaliou.

É ausente qualquer justificativa de ganhos desses valores do marido, que nada mais era do que deputado federal, com ganhos limitados. Ela tinha indicativos e conhecimentos culturais para saber que os valores eram frutos de dinheiro ilícito, apontou o procurador. O gastá-lo ela cometeu o crime de lavagem. O ato dela não é justificável, é criminoso, afirmou Lima. 

Na decisão de ontem, Moro alegou “falta de prova suficiente de que (Cláudia Cruz) agiu com dolo” ao manter conta na Suíça com mais de US$ 1 milhão, dinheiro supostamente oriundo de propina recebida pelo marido. Absolvo Cláudia Cordeiro Cruz da imputação do crime de lavagem de dinheiro e de evasão fraudulenta de divisas por falta de prova suficiente de que agiu com dolo, assinalou Moro.

A Procuradoria da República apontou na denúncia contra Cláudia que a elevada quantia abrigada na conta secreta na Suíça lhe garantia uma vida de esplendor no exterior.

O rastreamento de seu cartão de crédito revelou gastos com roupas de grife, sapatos e despesas em restaurante suntuosos de Paris, Roma e Lisboa. Na sentença, o juiz listou 13 compras em alguns dos endereços mais famosos do mundo: Prada, Chanel, Louis Vitton e Balenciaga.