FLAVIA LIMA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A agência de classificação de risco Moody’s Investors Service voltou a alterar a perspectiva do rating do Brasil de estável para negativa. A razão para a mudança foi o aumento da incerteza em relação à aprovação das reformas após a crise política deflagrada na semana passada, o que ameaçaria a recuperação econômica e a solidez da economia do Brasil no médio prazo.
Em 15 de março, a agência havia alterado a nota de negativa para estável, apoiando a decisão na perspectiva de que a melhora observada nas condições macroeconômicas persistiriam.
A nota do Brasil permanece dois níveis abaixo do grau de investimento, o chamado “selo de bom pagador”. Segundo a Moody’s, uma intensificação da crise política que leve a um período prolongado de incerteza pode exercer pressão negativa adicional sobre os ratings.
A reversão das reformas fiscais já aprovadas, principalmente o cumprimento do teto de gastos, seria particularmente negativa para o rating.
A Moody’s diz que, independentemente de seu desfecho, a crise política que emergiu no Brasil na última semana provavelmente debilitará a agenda de reformas do governo e comprometerá a aprovação de reformas futuras, incluindo a da Previdência.
Isto provavelmente impactará negativamente a confiança do investidor e levará ao aumento da volatilidade nos mercados, ameaçando o momento macroeconômico positivo observado desde o início da agenda de reformas promovida pelo presidente Michel Temer.
A agência espera crescimento modesto da economia de 0,5% em 2017, e a inflação recuando para 4%, o que permite que o Banco Central continue com o processo de afrouxamento dos juros.
Para a Moodys, a capacidade do Banco Central de promover novos cortes da taxa Selic pode ser comprometida caso um choque de confiança provocado por uma depreciação cambial alimente uma inflação mais alta, enfraquecendo o potencial impacto positivo no crescimento em 2018 e minando a economia fiscal com pagamento de juros menores sobre a dívida do governo.
Como consequência destes eventos, os riscos negativos para as perspectivas de crescimento em 2017 e 2018 aumentaram.