GIANCARLO GIAMPIETRO E PAULO ROBERTO CONDE SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Criado em meio a um cenário de desesperança há nove anos, o NBB começa a definir a partir das 14h deste sábado (27), com o primeiro de até cinco duelos entre Paulistano e Bauru, seu novo campeão na contramão do que vive o basquete nacional.

Enquanto a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) continua suspensa pela Fiba (federação internacional) até segunda ordem em decorrência de problemas na gestão de Carlos Nunes, encerrada neste ano, a liga surfa em crescimento com arenas cheias e recordes de audiência. Segundo a LNB (Liga Nacional de Basquete), o aumento de 86% na audiência registrado pelo SporTV da temporada 2014/15 para a 2015/16 deve ser batido.

O crescimento de público nas arenas, que foi de 13% naquele período, também deve ser superado. Se a confederação perdeu patrocínio do Bradesco após os Jogos do Rio e não pode receber verba da Lei Piva devido à suspensão, o NBB tem finanças mais sólidas.

O campeonato tem patrocínio da Caixa e da Sky, além de parcerias com Avianca e Nike -o banco repassa R$ 5,5 milhões por temporada. Também assegurou seu lugar na grade da TV aberta, com transmissões na Band. Além disso, desde 2014 a NBA é parceira comercial. “Nesta temporada, o investimento para a organização do NBB e a manutenção da liga chegar a R$ 9,8 milhões”, disse Sergio Domenici, superintendente do campeonato. “Em todas as edições terminamos fora do vermelho. Não tenho nem sequer cheque especial”, completou.

Presidente da LNB, João Fernando Rossi afirmou que o fato de os próprios clubes participantes gerirem o campeonato define a empreitada bem-sucedida. À parte a chancela para que ele seja realizado, a CBB não tem qualquer ingerência no torneio. Tal formato entrou em vigor no lançamento do NBB, que surgiu como dissidência à confederação em 2008.

A entidade que gerencia o basquete no país concordou em deixar que os clubes promovessem uma competição nacional já que ela própria não dava conta.

Em 2006, por exemplo, o torneio acabou sem sagrar um campeão. O maior problema na implementação foi a falta de credibilidade. “Ninguém acreditava no basquete. Nenhuma televisão, mídia ou patrocinador”, contou Rossi. “O cenário na época era de desesperança”, afirmou Paulo Bassul, que em 2008 dirigia a seleção feminina e hoje é gerente técnico do NBB. Rossi, Domenici e Bassul gostam de dizer que a gestão do campeonato nacional em voga é “horizontal”. Há um conselho de administração composto de nove clubes.

O presidente tem mandato de dois anos com possibilidade de reeleição por mais dois. Uma das iniciativas foi priorizar a comunicação. Neste ano, 39 jogos foram transmitidos ao vivo pelo Facebook. A média foi de 45,7 mil espectadores únicos por partida.

Em quadra, o maior sucesso foi o Jogo das Estrelas, em março, no ginásio do Ibirapuera, com ingressos esgotados. A LNB não está isenta de problemas. O principal foi causado pela CBB. Com a suspensão da Fiba, os clubes estão impedidos de jogar torneios internacionais. “A crise da CBB respinga demais na gente”, lamentou Rossi. “Torcemos muito para a nova gestão. Não adianta a liga ser forte e a CBB, fraca.” Em março, o ex-jogador e empresário Guy Peixoto foi eleito para presidir a entidade. Ele espera derrubar a punição agora em junho.

Há questões de ordem interna na LNB também.

À espera de verba federal que não veio, a liga de desenvolvimento foi enxugada. Na competição principal, o Rio Claro, abandonou o torneio dias antes da abertura por falta de recursos. Outra preocupação reside nas arenas. A maioria dos ginásios tem estrutura arcaica. “Arenas são um doce problema, porque só passamos a ver isso porque elas encheram”, observou Bassul.