RENATA AGOSTINI SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os empresários Joesley e Wesley Batista viraram donos da Blessed Holdings em outubro de 2016, quando investigações da PF já avançavam sobre seus negócios. A empresa é acionista indireta da JBS, mas por anos havia mistério sobre quem eram seus donos de fato. No papel, as proprietárias eram duas seguradoras, uma com sede em Cayman e outra em Porto Rico. É essa a informação que ainda consta nos documentos protocolados pela JBS na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A empresa afirmou que, desde 2014, não recebe notificação de sua acionista indireta sobre mudanças em seu controle e, por isso, não promoveu alteração nos documentos. Na última terça-feira (23), a CVM abriu investigação sobre a Blessed Holdings para analisar “a veracidade da divulgação dos controladores diretos e indiretos”, incluindo as pessoas físicas, desta empresa. A operação de compra da Blessed é informada nos extratos de Imposto de Renda que foram entregues ao Ministério Público Federal com outros documentos para compor a delação premiada dos Batista. Eles indicam que os dois irmãos compraram cada um 50% da Blessed por US$ 150 milhões no ano passado —uma fração do que a participação indireta da companhia valia à época. A reportagem enviou perguntas a Joesley e Wesley sobre o que os motivou a fazer a operação em 2016, de quem adquiriram a empresa e a razão de não terem informado à administração da JBS a compra. Eles não quiseram esclarecer nenhum desses pontos.