O advogado José Luis de Oliveira Lima deixou a defesa do deputado federal paranaense afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB). O criminalista alegou questões de foro íntimo ao renunciar à defesa do peemedebista. O novo advogado de Rocha Loures é Cesar Roberto Bitencourt. A troca acontece em meio a rumores de que o paranaense pode fechar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). 

Rocha Loures é o homem de confiança do presidente Michel Temer flagrado, em ação controlada da Polícia Federal sobre executivos da JBS, recebendo uma mala de dinheiro de R$ 500 mil do diretor de Relações Institucionais da J&F, Ricardo Saud. O parlamentar foi afastado do cargo após decisão do Supremo Tribunal Federal, no último dia 18.

Em áudio gravado por Joesley, em visita às escondidas no Palácio do Jaburu, Michel Temer indica Loures para ser seu interlocutor junto à empresa. O peemedebista afirmou, durante as gravações, que o empresário poderia tratar de qualquer assunto com o deputado.

Loures é acusado de receber propinas de R$ 500 mil semanais em troca de influência sobre o preço do gás fornecido pela Petrobras à termelétrica EPE – o valor da propina, supostamente em benefício de Temer, como relataram executivos da JBS, é correspondente a 5% do lucro que o grupo teria com a manobra. As tratativas teriam sido feitas entre o parlamentar, homem de confiança de Temer, e o presidente interino do Cade, Gilvandro Araújo, de acordo com a delação.

Na semana passada, o deputado devolveu a mala recebida por ele do executivo da JBS e delator Ricardo Saud, em uma pizzaria de São Paulo. Após a devolução, a Polícia Federal informou que teriam sido devolvidos R$ 465 mil, ou R$ 35 mil a menos do que o relatado pelo relator. Na última quinta-feira, os advogados do parlamentar comunicaram ao STF terem depositado em juízo o valor que faltava.

Delação

Também na semana passada, emissários de Rocha Loures teriam feito contato com a Procuradoria Geral da República (PGR) para conversar sobre uma eventual delação premiada. O paranaense foi assessor direto de Temer desde 2011, quando o peemedebista ainda era vice-presidente, e ascendeu ao gabinete da presidência após o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), no ano passado. Ele só deixou o cargo em março para assumir um mandato na Câmara Federal depois que o deputado Osmar Serraglio (PMDB) foi nomeado ministro da Justiça por Temer. No domingo, Serraglio foi demitido da Pasta da Justiça e transferido para o Ministério da Transparência, garantindo a Rocha Loures a manutenção do status de foro privilegiado como parlamentar.

O novo advogado do paranaense, porém, é um crítico da operação Lava Jato e das delações premiadas. O Ministério Público confessou na mídia que prende para forçar a delação e facilitar as investigações; o magistrado decreta a prisão de alguém pela manhã, mas a relaxa a tarde ao saber que o pretenso investigado está negociando uma delação, deixando claro que o objetivo da prisão era só para forçar a delação, o que é um procedimento lamentável do julgador, defendeu Cesar Roberto Bitencourt, em artigo publicado em março deste ano no site Consultor Jurídico.