RAQUEL LANDIM
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário Jorge Nitzan vendeu as ações que possuía na Aceco TI, empresa de armazenamento de dados, para a R2C, consultoria especializada em ativos problemáticos. O valor da transação não foi revelado.
Se o negócio receber todos os avais jurídicos necessários, a R2C vai assumir a gestão da companhia, o que significará um revés importante para o fundo americano KKR, que trava uma batalha jurídica com Nitzan.
É a segunda vez que o empresário vende a empresa fundada por seu pai. Três anos atrás, o KKR adquiriu 86% da Aceco TI por R$ 1,2 bilhão.
Os americanos, no entanto, vem tentando desfazer o negócio na arbitragem e na justiça comum, alegando que a Aceco cometia fraude contábil e corrompia funcionários públicos para obter contratos.
O KKR ainda está no comando da companhia por determinação judicial, mas em realidade já perdeu a participação que possuía na Aceco TI.
Isso ocorreu porque o fundo americano não pagou uma dívida de R$ 600 milhões que tomou com o Bradesco quando fez a aquisição. A dívida era garantida pela participação do KKR na Aceco TI.
Os americanos tentavam renegociar o débito quando o Bradesco vendeu a dívida para uma empresa controlada por Nitzan. O empresário ficou com as ações, mas, por contrato, teria que vendê-las a um novo dono.
Na semana passada, foi realizado o leilão para a segunda venda da Aceco TI. Segundo apurou a reportagem, Nitzan recebeu quatro propostas, uma delas do próprio KKR. A oferta feita pela R2C foi a vencedora.
Segundo balanço republicado na semana passada com aval de uma auditoria independente, se forem excluídos os efeitos das operações sob suspeita que são questionadas pelo KKR, o prejuízo da Aceco TI é sete vezes maior que o divulgado.
Nitzan nega as acusações e diz que o KKR quer desfazer o negócio, porque comprou a Aceco antes da recessão que derrubou a economia brasileira.
Procurados, KKR, Nitzan e R2C não comentaram.