DIOGO BERCITO MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) – O presidente francês, Emmanuel Macron, teve uma ampla vitória neste domingo (11) durante o primeiro turno das eleições legislativas, mas recebeu também uma forte mensagem dos eleitores, com uma abstenção recorde. Seu movimento centrista, República em Frente!, lidera as estimativas de boca de urna divulgadas às 20h locais (às 15h em Brasília), depois do fechamento das urnas. O República em Frente!, criado há só um ano, deve receber de 390 a 430 assentos entre os 577 disponíveis, uma ampla maioria.

O segundo turno será no próximo dia 18. Os conservadores Republicanos tiveram de 85 a 125 cadeiras, segundo a boca de urna. O Partido Socialista, do ex-presidente François Hollande, de 20 a 35. A França Insubmissa, de extrema esquerda, de 11 a 21.

A Frente Nacional, da direita ultranacionalista, teve de 3 a 10. O número, se confirmado nas horas seguintes, significa que o presidente terá uma maioria absoluta de legisladores e, com ela, poderá aprovar as reformas políticas que estavam na base de sua campanha. Em especial, as mudanças nas leis trabalhistas, em um país que registra hoje 10% de desemprego.

Foi, por outro lado, historicamente baixa a participação dos eleitores -calcula-se que a participação foi de 50,2%, a mais baixa desde 1958.

A taxa no primeiro turno de 2012 fora de 57,2%, já um recorde à sua época. De tão importantes que são para o funcionamento de um governo, as legislativas francesas são apelidadas de “terceiro turno das eleições presidenciais”. Sem a maioria parlamentar, um presidente é obrigado a aceitar um premiê da oposição e acaba restrito a funções como diplomacia e defesa. Esse cenário é conhecido no país como “coabitação”, e ocorreu pela última vez em 2002.

 

DESENCANTO

Macron foi eleito em 7 de maio com 66% dos votos, derrotando a candidata da direita ultranacionalista, Marine Le Pen, que teve 34%. A vitória do centrista foi interpretada como um fenômeno -ex-ministro da Economia, Macron nunca havia sido eleito a um cargo público antes. Aos 39 anos, é o presidente mais jovem desde Napoleão (séculos 18 e 19).

Mas a abstenção de quase metade dos eleitores no primeiro turno das eleições legislativas indica um forte desencanto entre os eleitores, que possivelmente apoiaram Macron para frear Le Pen, e não necessariamente por acreditar em sua plataforma. Há também um desencanto de longa data. A participação nas eleições legislativas variou de 70% a 80% entre 1958 e 1986, segundo o diário “Le Monde”, mas desde os anos 90 não deixou de cair.

 

PERSPECTIVAS

Há 7.882 candidatos concorrendo aos 577 assentos da Assembleia Legislativa. Ao contrário das eleições presidenciais, o segundo turno das legislativas pode ter mais de dois candidatos -todos os que superem os 12,5% do total de eleitores registrados são classificados.

Já prevendo sua derrota, a oposição concentrou sua campanha na ideia de que é preciso ter um número considerável de legisladores para contrabalancear o governo Macron neste mandato. “Não deveríamos ter um partido com um monopólio”, afirmou o ex-premiê socialista Bernard Cazeneuve à agência de notícias Reuters.