O pedido de prisão feito pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra o senador afastado Aécio Neves (PSDB) sequer foi julgado – ficou para uma data ainda indefinida. Mas o tucano saiu vitorioso após a sessão da 1º turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Aécio e os advogados estavam bastante receosos sobre a possibilidade do pedido de prisão ser aceito pelos magistrados. E tinham motivos para isso. Na semana passada, a mesma Turma negou o pedido de liberdade da irmã Andréa Neves. O cenário era sombrio. Mas no decorrer desta semana, as coisas parecem ter clareado para o lado dos Neves. Os ministros ontem decidiram converter a prisão preventiva em domiciliar de Andréa, Frederico Pacheco, primo do senador, e Mendherson Souza Lima, ex-assessor do senador Zezé Perrella. O trio será solto e será monitorado por tornozeleira eletrônica. Aécio ganha confiança que não será preso e já pensa em recuperar a imagem diante do eleitorado. Vai bater na tecla que é vítima de um argiloso plano montado pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, para negociar uma delação premiada que pudesse lhe isentar de qualquer punição aos crimes cometidos. Vai colar? Dificilmente até por conta das gravações feitas por Joesley. Aécio sabe que perdeu muito do eleitorado e que o PSDB sai arranhado do episódio – logo agora que os tucanos estavam na crista da onda com a derrocada do PT. Na batalha para recuperar a imagem ainda lhe faltam dois rounds: a Turma do STF deixar para o plenário decidir sobre o pedido de prisão e o retorno às atividades no Senado Federal e, no pleno, afastar definitivamente a possibilidade de ser detido – chances estas que têm tirado o sono do tucano. O temor pela prisão ainda existe, até por conta das provas juntadas por Joesley, mas Aécio sai muito mais fortalecido após a sessão da Turma do STF.


Prefeitura e Sindicatos querem negociar? 

Com o fantasma do 29 de abril rondando os gabinetes da Câmara Municipal de Curitiba, o presidente da Casa, Serginho do Posto (PSDB), decidiu esgotar todo o tipo de diálogo com os manifestantes – contrários ao ajuste fiscal proposto pelo prefeito Rafael Greca (PMN). Após a invasão do plenário da Câmara, o tucano resolveu adiar o julgamento do ajuste para a próxima segunda-feira (26). Decisão acertada. No entanto, adianta alguma coisa postergar a votação para a próxima semana se as partes envolvidas, neste caso prefeitura e sindicatos, se negam a recuar em seus posicionamentos? Sindicatos não querem mudanças em suas carreiras. O Executivo prega a necessidade de um ajuste fiscal para equilibrar as contas do município. Ou seja, corremos o risco de rever as mesmas cenas na Câmara Municipal no próximo dia 26.  


À la Aníbal Khury

Por anos Aníbal Khury dominou o cenário político no Paraná. Mandava mais que muito prefeito e até mesmo que governador. Nomeava e demitia quem quer que fosse. Habilidoso politicamente adorava reunir prefeitos, vereadores e deputados em pequenos encontros para discutir política. Era ali, muitas vezes, que os rumos da política paranaense eram definidos.  Longe da expertise de Aníbal, o deputado Guto Silva (PSD) tem promovido encontros semelhantes. É uma espécie de happy hour no próprio gabinete na Assembleia Legislativa — sempre as segundas-feiras. Por volta de 19h, após o término da sessão, Guto Silva tem reunido seus pares e prefeitos para discutir a eleição de 2018. O tema é só política. Quem tem aparecido de vez em quando por lá é Ratinho Júnior (PSD) que deve disputar o Governo do Estado no ano que vem.


  O fim da Impunidade, não das torcidas organizadas

Nova briga envolvendo torcedores de times de futebol fez ressurgir a discussão pelo fim das torcidas organizadas. Como se fossem elas as únicas responsáveis pela violência cada vez mais frequente no entorno dos estádios de futebol em todo o país e nas arquibancadas. Longe de acreditar que estas uniformizadas são compostas só por pessoas de bem cujo único objetivo é torcer. Há criminosos infiltrados, usuários de droga, ladrão e até homicida. Você duvida? Só relembrar a morte de Moacir Bianchi, fundador de uma organizada do Palmeiras, executado em março deste ano. A investigação da polícia paulista aponta para o envolvimento de membros de uma facção criminosa no assassinato de Bianchi.
Pedir a extinção de torcidas organizadas é discurso raso. Imagine se os fiéis de uma Igreja começassem a brigar nas ruas com os devotos de outra religião. Pediria-se também a extinção das Igrejas?
A violência entre torcedores tem como pano de fundo a impunidade e a desestruturação de preceitos básicos, feudais, como família e escola. E não se restringe apenas aos torcedores e sim, aos crimes, em geral. A sensação de que independentemente do que acontecer o agressor não ficará preso talvez explique a repetição das cenas lamentáveis como as vistas e filmadas no domingo em Curitiba, antes do jogo entre Coritiba e Corinthians – que nem sequer são rivais notórios.
Horas depois, em uma ação rápida da Polícia Civil, foi presa uma das pessoas envolvidas na tentativa de homicídio do torcedor paulista. Se condenado, pode ficar até 20 anos preso.
Mas, será que a Justiça, cujo alicerce é a cada vez mais frágil Constituição Federal, vai mantê-lo detido? Exemplos anteriores desanimam. Em 2015, Kevin Espada, de apenas 14 anos, foi morto na Bolívia após ser atingido por um sinalizador durante a partida entre San José e Corinthians, pela Taça Libertadores daquele ano. Cinco torcedores do time paulista foram detidos. Ficaram presos por 156 dias. Voltaram para o Brasil e adivinhe: alguns deles acabaram na carceragem.