SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na véspera de sua primeira reunião no Conselho Europeu, o presidente francês, Emmanuel Macron, reafirmou, numa entrevista a oito jornais europeus nesta quarta (21), sua confiança na Europa e em sua capacidade de transformar o mundo, tendo a França como motor.
Para ele, diante do crescimento de extremismos e regimes autoritários e frente às desigualdades que se agravam no mundo, cabe à Europa “ganhar a batalha” pela “liberdade e pela democracia (…), assegurar a justiça social e preservar nosso planeta através do clima”.
A França poderá ter “uma capacidade motora”, mas apenas caso se reforme primeiro, disse.
As crises ao redor do mundo “se devem em parte às desigualdades profundas engendradas pela ordem mundial e também ao terrorismo islâmico. A estes desequilíbrios se soma a situação climática”, opinou.
“Ganharemos essa batalha que é de responsabilidade da Europa”, porque é “o único lugar do mundo onde se reúnem as liberdades individuais, o espírito democrático e a justiça social”, acrescentou.
“Podemos continuar a passar noites inteiras nos perguntando sobre onde criar a próxima agência europeia ou sobre a forma como gastaremos um orçamento… Vamos nos colocar fora da história. Eu não fiz essa escolha. Angela Merkel tampouco”, afirmou.
Com relação a Trump, Macron afirmou que não compartilha “algumas de suas decisões, sobretudo com relação ao clima, mas espero que possamos fazer com que os EUA se reincorporem ao Acordo de Paris”. O presidente francês disse que estendia sua “mão a Donald Trump. E desejo que ele mude de opinião, pois tudo está relacionado. Não se pode querer lutar de maneira eficaz contra o terrorismo sem se comprometer a favor do clima”.
Macron criticou ainda “alguns dirigentes europeus que viraram as costas à Europa” com “uma aproximação cínica da União, que servia para gastar os créditos sem respeitar seus valores”. “A Europa não é um supermercado. A Europa é um destino comum”.
“Os países da Europa que não respeitam as regras devem assumir todas as consequências políticas”, insistiu. “Não vou ceder em relação à solidariedade e aos valores democráticos”.
Além disso, Macron ainda defendeu uma “integração mais forte” dos países da zona do euro, com um orçamento e uma “governança democrática”.