Terminou ontem sem acordo a reunião entre o prefeito Rafael Greca (PMN) e vereadores de oposição para discutir o pacote de ajuste fiscal de Curitiba. Greca manteve a intenção de votar os projetos na próxima segunda-feira, enquanto que os oposicionistas pediram a retirada de pauta das propostas, alegando risco de novos episódios de violência. Temendo nova invasão da Câmara Municipal, como ocorreu nas duas últimas tentativas de votar os projetos, vereadores da base do prefeito já cogitam levar a sessão para outro local, mais protegido. Segundo fontes da Casa, o assunto seria discutido ontem ainda pelo presidente do Legislativo, vereador Serginho do Posto (PSDB) e o comando da Polícia Militar.

A reunião começou com os vereadores sendo aplaudidos pelos servidores que trabalham no saguão da prefeitura, e terminou tensa, sem que nenhum dos dois lados abrissem mão de suas posições. Apesar dos apelos dos parlamentares oposicionistas, Greca rejeitou qualquer possibilidade de retirar os projetos de pauta e de abrir mão da votação na segunda-feira. Eu esperava emendas da oposição, contribuições para o plano de recuperação de Curitiba. E só recebi o apelo para adiar ainda mais um projeto que é essencial para que a cidade não caia em um buraco como o de Porto Alegre, que hoje começou a parcelar salários de servidores, disse o prefeito ao final do encontro. Nós não aguentamos dois meses se não votarmos esse plano. Eles não sabem o que fazem. E também eles me pediram para não haver violência. A violência foi de quem apedrejou. Nós não lançamos pedras, alegou. Nós não podemos esperar mais, insistiu o prefeito.

Nossa avaliação é a pior possível. Saímos muito frustrados porque não houve nenhuma tentativa de entender este outro lado. Apenas o discurso apocalíptico, catastrófico de que se os projetos não forem aprovados a prefeitura não terá como pagar os salários em dia, comentou o vereador Goura (PDT). O prefeito está com uma postura intransigente. A nossa solicitação era pela retirada dos projetos, na nossa avaliação é a violência só tende a aumentar na próxima votação. Infelizmente o prefeito tem uma postura arrogante, que só vai levar a um confronto maior, disse a vereadora Professora Josete (PT).

O líder do prefeito na Câmara, vereador Pier Petruzziello (PTB), rebateu. Esperávamos muito mais da oposição. O único pedido que eles fazem é para retirar os projetos de pauta. Não falam a solução do problema. O argumento é muito mais para tumultuar. Querem que o parlamento pare de funcionar. E pior, acabam até mesmo ameaçando em caso de não retirada que vai haver violência, apontou ele.

Questionado sobre a possibilidade de que a votação aconteça em outro local que não a Câmara, Pier admitiu que isso vem sendo cogitado por alguns parlamentares, mas afirmou que esta era uma questão que caberia à Mesa Executiva. 

A reportagem do Bem Paraná tentou ouvir o presidente da Casa, Serginho do Posto (PSDB), mas ele não atendeu as ligações. No início da tarde, Serginho confirmou que aguardava um posicionamento dos órgãos de segurança e que teria uma reunião. Ele não confirmou a possibilidade de suspender o recesso parlamentar, que começa no dia 30 (sexta-feira da próxima semana), caso os projetos não sejam aprovados. Não estou contando com a essa possibilidade, sou otimista e confio no diálogo.
Segundo Josete, o regimento interno da Câmara permite que as sessões sejam realizadas em outro local e não prevê um prazo para que a alteração seja anunciada. Mas, pelo bom senso, tem que ser avisado com pelo menos 24 horas de antecedência. A sessão tem que ser pública, argumentou.
A votação do pacote foi suspensa duas vezes, depois que servidores invadiram a Câmara, no dia 13 e na terça-feira desta semana. Os vereadores da oposição alegam que o Executivo não ouviu os sindicatos dos servidores e questiona o regime de urgência dos projetos. A preocupação da base de apoio ao prefeito é que os vereadores não consigam aprovar o pacote antes do recesso parlamentar, que começa na sexta-feira, dia 30.

Greca e vereador trocam acusações

A reunião de ontem terminou contra troca de acusações entre o prefeito Rafael Greca (PMN) e o vereador Professor Euler (PSD). O bate-boca ocorreu quando Greca foi questionado sobre as acusações de Euler, que em um texto publicado nas redes sociais afirmou que integrantes da administração municipal teriam oferecido a ele cargos e obras em troca do voto favorável ao pacote de ajuste fiscal.
Se for verdade (que ele fez essas acusações) ele vai ser processado. Porque na verdade quando ele me visitou ele quis vender um plano de educação da irmã dele. A minha mulher ouviu e o secretário de Governo também, respondeu o prefeito.
É mentira. Apresentamos sim um plano, um sistema de aprendizado. Em momento algum falou-se em venda, reagiu o vereador, que reafirmou as acusações. Foi-me oferecido sim. ‘Professor, venha para o meu lado, aprove o pacote, e nós liberamos obras para você. Eu não preciso de obras, preciso da minha dignidade. , afirmou Euler.