LAURA LEWER
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Ao menos 210 aves silvestres traficadas foram apreendidas em três abordagens nesta semana, em São Paulo. Os animais seriam vendidos na feira do rolo de Osasco e entregues por encomenda.
Por volta das 23h de quarta-feira (21), no km 294 da rodovia Régis Bittencourt, um Hyundai HB20 foi perseguido após não parar ao comando da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Depois que os dois ocupantes decidiram abandonar o veículo, os policiais encontraram cerca de 180 pássaros, entre saíras, guaxes, três espécies de sabiá, um araçari e vários coleirinhos. Vinte e seis deles não resistiram às condições de transporte ilegal e já estavam mortos na hora da apreensão.
Segundo a PRF, os animais vinham de Eldorado (SP) e seriam vendidos em uma feira livre de Osasco, na Grande São Paulo.
Os homens vão responder pelos crimes descritos no artigo 29 da lei de crimes ambientais, que prevê detenção de seis meses a um ano para quem matar, perseguir, caçar, apanhar e utilizar espécimes da fauna silvestre sem licença.
Encaminhadas para o Centro de Manejo e Conservação de Animais Silvestres (Cemacas) por orientação do Ibama, as aves apresentavam sinais de maus-tratos.
“A condição era bem ruim. A maior parte era de animais que comem frutas e precisam se alimentar a toda hora, então eles chegaram bem estressados e com muita fome. Não conseguimos nem contar quantos são ao certo porque, quando entramos na sala de isolamento, eles ficam muito nervosos”, explica a bióloga e diretora da divisão de Fauna da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, Juliana Summa.
Segundo ela, o processo de recuperação das aves pode levar até um mês. Só depois a equipe começa a trabalhar na reabilitação e analisa se os animais têm condições de voltar à natureza.
AVES NO ASSOALHO
Na mesma noite, no km 65 da rodovia Fernão Dias, quatro aves foram encontradas no assoalho do banco traseiro de um Gol conduzido por um homem de 52 anos.
Dentro de uma gaiola e uma caixa pequena de madeira, três picharros e um tico-tico eram transportados em condições precárias. O motorista também vai responder por crimes ambientais.
A terceira apreensão da semana foi feita na noite desta quinta (22), quando a Polícia Civil recuperou 29 picharros que eram levados como encomenda por um caçador na cidade de Embu (SP).
Segundo Summa, apreensões como a desta semana são comuns. “Só na minha divisão são cerca de 25 por mês. É importante ressaltar que, quando a pessoa compra um animal desses ilegalmente, ela não têm noção do estrago que faz. É revoltante ver como eles chegam até nós e são tratados como mercadoria”, diz.
A bióloga afirma que as denúncias de tráfico de animais podem ser feitas pelo 190 com a Polícia Militar, pelo 153 com a Guarda Civil Metropolitana, e pelo 0800-61-8080 com o Ibama.