GUSTAVO URIBE E DANIEL CARVALHO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Na semana decisiva para sua sobrevivência no cargo, o presidente Michel Temer tenta mobilizar a base aliada para barrar, já na primeira quinzena de julho, a denúncia que a Procuradoria-Geral da República deverá apresentar contra ele por corrupção.

Em reunião no Palácio do Alvorada neste domingo (25), o peemedebista discutiu com sete ministros, além de parlamentares, estratégia para lidar com denúncia preparada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O governo quer liquidar a denúncia em três semanas, mas não sabe ainda como será apresentada, se fatiada ou uma única peça, nem quando chegará ao Congresso. Por isso, Temer deixou a equipe de sobreaviso para um novo encontro tão logo Janot conclua os trabalhos.

Além de abreviar prazos na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, o Palácio do Planalto pretende garantir a nomeação de um relator próximo à gestão e um placar folgado na comissão para recusar a denúncia. A ideia é que Temer use apenas três de dez sessões a que tem direito para apresentar sua defesa, pressionando o relator a elaborar a conclusão também em três sessões, e não nas cinco previstas. O Planalto trabalha para que o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), indique para a relatoria um parlamentar peemedebista gaúcho: Alceu Moreira ou Jones Martins. Os dois tiveram parte de suas campanhas eleitorais em 2014 financiadas por Michel Temer, conforme reportagem publicado pelo jornal “Folha de S.Paulo”. Além disso, o governo defende substituições de titulares e suplentes na CCJ para garantir a presença de parlamentares combativos, que defendam insistentemente o presidente em discussões.

No domingo (25), um levantamento do jornal “Folha de S.Paulo” mostrou que um quinto dos 66 titulares que julgarão a procedência da denúncia na comissão já foi citado em planilhas de pagamentos ou nas delações de executivos da Odebrecht e da JBS. A avaliação do Palácio do Planalto é que, quanto mais se estender a tramitação da denúncia, maior será o desgaste do presidente e a duração da crise política, que tem afetado o cronograma das reformas governistas. Caso não seja possível liquidar a fatura antes do início do recesso parlamentar, que começa em 18 de julho, a base aliada articula o adiamento das “férias”, segurando a votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).

AGU

Na manhã de domingo, o presidente se reuniu com a ministra da AGU (Advocacia-Geral da União), Grace Mendonça, e garantiu a ela sua continuidade no cargo. O peemedebista afirmou que nunca cogitou tirá-la do posto e elogiou o seu trabalho. No sábado (24), em São Paulo, ele já havia telefonado para a ministra para negar a intenção de fazer uma mudança na pasta. Na semana passada, o entorno do presidente afirmava que ele avaliava nomear o subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil, Gustavo Vale Rocha. A intenção era colocar alguém com maior trânsito político para defender Temer.