MARINHO SALDANHA
PORTO ALEGRE, RS (UOL/FOLHAPRESS) – A campanha do Inter na Série B deixa claro o quanto é difícil jogar pressionado. Em casa, quando a torcida espera que o clube gaúcho, por ser o maior dos clubes da segunda divisão, vença com alguma facilidade, o time soma apenas uma vitória e a 16ª campanha no geral. Já longe de Porto Alegre, distante das insistentes vaias, três vezes o time vermelho conseguiu o melhor resultado e desponta como a melhor campanha. Além disso, a postura rival mostra o quanto tem sido melhor atuar como visitante para os gaúchos neste ano.
Foram quatro jogos pela Série B no Beira-Rio. A vitória contra o Náutico é isolada. Nos demais, empates com ABC, Juventude e Paraná. Aproveitamento de somente 50%.
Já distante de seus domínios o Colorado bateu Brasil de Pelotas, Londrina e Figueirense. Empatou com o América-MG e o Santa Cruz e perdeu para o Paysandu. Totaliza, assim, 61% de aproveitamento.
‘ALVO’
A primeira razão para um desempenho melhor fora de casa do que nela é técnico. No Beira-Rio, os times atuam totalmente fechados, dificultando qualquer entrada do Internacional. Tendo de propor o jogo, além de esbarrar em boas defesas o time ainda fica exposto ao contra-ataque.
“Os adversários jogam contra nós de forma muito defensiva. Era algo que já esperávamos que aconteceria. Na nossa casa, ficam sempre atrás do meio”, disse o goleiro Danilo Fernandes. Foram seis dos 13 gols do Inter marcados no Beira-Rio. Menos da metade.
CORRERIA
Tentando furar bloqueios fortes e jogadores sempre na defesa, o Inter se desgasta. Passa praticamente os jogos inteiros em “alta rotação” e acaba sofrendo com isso. Até mesmo na hora de marcar, precisa sair em disparada para recompor, uma vez que tentando marcar os gols acaba deixando espaços.
Esta combinação de esforço ofensivo com rápida recomposição para evitar o contra-ataque gera uma equação cujo resultado é desgaste. E tal ponto também atrapalha principalmente em casa. Foram dois gols sofridos nos últimos minutos que sacaram quatro pontos da classificação vermelha. Contra Juventude e ABC.
APOIO E PRESSÃO
Porém, o principal não é a dificuldade imposta pelo rival, mas pela torcida. Percebendo que o Internacional não consegue abrir o setor defensivo do adversário, os colorados transformam o apoio em pressão e muitas vezes dificultam o rendimento do próprio time.
“Eu não sinto isso, mas os mais jovens precisam de apoio. Não pode começar a vaiar com 15 minutos. Entendemos o torcedor, que está sofrendo desde o ano passado. Mas temos que ter um pouco mais de paciência”, disse o meia D’Alessandro, capitão do time, depois do jogo contra o Paraná, o último em casa.
Após infortúnios, o clima remete ao ano passado. Protestos do lado de fora e até vandalismo dentro do Beira-Rio. No último jogo, cadeiras foram quebradas e arremessadas no gramado. Nada foi registrado em súmula pelo árbitro da partida.
“Nós sabemos do sentimento do torcedor. E a gente não quer que eles passem por isso, queremos das alegrias para eles. Estão machucados como a gente. Tivemos um ano difícil, mas já passou, 2016 já acabou. Precisamos do torcedor do nosso lado. Não queremos que com 10 ou 15 minutos eles comecem a vaiar a gente. Precisamos do apoio deles”, disse Danilo Fernandes, para em seguida completar.
“Protestar e criticar depois do jogo é válido. Não foi o resultado que queriam, nem nós, temos que aceitar. Mas durante os 90 minutos, pedimos um pouco de paciência, apoio e incentivo. Porque jogando em casa, os times adversários vão se fechar e será ainda mais difícil. Temos que rodar a bola, ter calma para criar. Não dá para sair atacando tipo índio e se expor. É isso que pedimos, uma paciência maior do torcedor durante os 90 minutos”, completou, na última semana.
Para o jogo do próximo sábado, o ambiente tende a estar melhor. O Inter bateu o Brasil de Pelotas e entrou no G-4 da Série B, mas após uma semana inteira de treinos, o rendimento também precisa melhorar. Caso contrário, o clima tende a voltar a ser de cobrança forte. Pela rodada 11 da Série B, o Internacional encara o Boa Esporte no próximo sábado a partir das 16h30 (de Brasília), no Beira-Rio.