SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O adolescente de 17 anos que teve a testa tatuada à força após ser flagrado numa suposta tentativa de roubo a uma bicicleta iniciou, nesta semana, o procedimento para remoção da frase “eu sou ladrão e vacilão”.
Ele está internado em uma clínica de reabilitação, em Mairiporã (na Grande SP), desde o dia 13, onde passou pelo tratamento para remoção da tatuagem, no último sábado (24). Tanto o tratamento antidrogas quanto o estético foram oferecidos gratuitamente ao adolescente após a repercussão do caso.
Dependente de crack, o rapaz está atualmente em um tratamento de abstinência e deve permanecer na reabilitação por pelo menos seis meses, segundo expectativa da própria clínica Grand House.
Já o processo para remoção da tatuagem, feito por um estabelecimento de São Bernardo do Campo (no ABC paulista), deve durar até março de 2018, já que são esperadas dez sessões, uma por mês. “O laser faz com que o corpo absorva a tinta”, explicou um funcionário da clínica de reabilitação, onde o procedimento foi feito.
O caso do adolescente ficou conhecido após a divulgação na internet de imagens dele sendo tatuado à força. Segundo a investigação, o garoto entrou em uma pensão de São Bernardo e mexeu em uma bicicleta, o que foi interpretado por dois moradores do local como uma tentativa de roubo.
O adolescente, que admitiu à reportagem ser usuário de drogas, contou que estava “muito bêbado” quando entrou no condomínio. “Eu coloquei a mão em uma bicicleta, mas não estava roubando. Nem sabia o que eu estava fazendo”.
O rapaz foi encontrado um dia depois por um tio próximo da casa em que mora. Ele prestou depoimento na delegacia e voltou para a casa da avó. “Quando o vi, comecei a chorar”, contou Vando Aparecido Rocha, 33, que tem o nome do sobrinho tatuado no pulso esquerdo. “Ele é um filho para mim. Quero justiça”.
O tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis, 27, e seu amigo Ronildo Moreira de Araújo, 29, foram identificados como responsáveis pela tatuagem e presos. Eles deverão responder pelo crime de lesão corporal gravíssima, mas não pelo de tortura, citado no inquérito policial, mas não acatado pelo Ministério Público.