ISABEL FLECK
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Um ataque aéreo de autoria não identificada em uma parte do território sírio controlada pela facção terrorista Estado Islâmico (EI) matou ao menos 30 civis e feriu dezenas nesta quarta (28), segundo a OSDH (Observatório Sírio dos Direitos Humanos), ONG sediada em Londres.
Aviões militares do regime sírio, da Rússia e da coalizão internacional liderada pelos EUA realizam operações sem coordenação entre si perto do vilarejo de Dablan, no leste da Síria, local do ataque.
O bombardeio se dá menos de 48 horas depois de o governo americano ameaçar o regime de Bashar al-Assad.
Em comunicado no fim da noite de segunda-feira (26), o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, disse que os EUA identificaram “possíveis preparações” para um novo ataque químico sírio e que Damasco poderia pagar “um preço alto” se levasse o plano adiante.
Nesta quarta (28), o secretário de Defesa americano, Jim Mattis, afirmou que Assad parece ter entendido o recado, já que não houve ataque químico.
“Parece que eles levaram o aviso a sério”, disse a jornalistas no avião que o levava a Bruxelas para um encontro da Otan.
A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Halley, se uniu ao coro e disse que Trump “salvou muitas vidas inocentes” com a ameaça.
“Por causa das ações do presidente, não vimos nenhum incidente”, afirmou no Congresso, em Washington. “O presidente salvou muitos homens, mulheres e crianças inocentes.”
Apesar de exaltar os supostos impactos positivos da declaração da Casa Branca, o governo não divulgou detalhes sobre o que seriam os indícios da “possível preparação” de um ataque químico.
Segundo funcionários familiarizados com o tema ouvidos pela agência Reuters, as informações de inteligência que levaram o governo à declaração de segunda “nem de perto” indicavam a iminência de um ataque.
Um deles afirmou que o governo americano só sabia que um avião sírio tinha sido visto entrando em um um hangar da base aérea de Shayrat, a mesma que foi atingida por mísseis dos EUA em abril e de onde teria saído o aeronave que conduziu o ataque químico que matou 89 pessoas dois dias antes.
Nesta quarta-feira (28), o governo da Rússia, aliada do ditador Bashar al-Assad, disse que responderá “proporcionalmente” a qualquer ação dos Estados Unidos contra o regime sírio.
“Reagiremos com dignidade, proporcionalmente à situação que possa ocorrer”, afirmou o chanceler russo, Sergei Lavrov, durante uma entrevista coletiva.
Há dez dias, Moscou já havia sugerido que poderia atacar aviões americanos na Síria, considerando um “alvo” qualquer aeronave sobrevoando o território a oeste do rio Eufrates.
A ameaça era uma resposta à ação americana que havia derrubado um caça do regime Assad no último dia 18.