Isto é o que Donald Trump fez ao anunciar a saída dos EUA do Acordo de Paris pela redução das emissões de carbono. Este senhor não pensou em nada, principalmente nas próximas gerações. O acordo, assinado em dezembro de 2015, durante a cúpula da ONU sobre mudanças climáticas – COP 21-, prevê que os países devam trabalhar para que o aquecimento fique muito abaixo de 2ºC, buscando limitá-lo a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais.
Ao assinar o acordo, Washington tinha se comprometido a reduzir em 28% sua produção de gases de efeito estufa, além de transferir cerca de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 9,6 bilhões) para países pobres como forma de ajudá-los a lutar contra as mudanças climáticas.
A atitude de Trump significa um verdadeiro passa moleque em todas as pesquisas científicas que identificam os atuais e futuros impactos das mudanças climáticas à luz das emissões irresponsáveis de carbono. Mais que isto: deixou os demais países incrédulos, revelando a total falta de bom senso do presidente americano.
Segundo levantamentos realizados por várias universidades e centros de pesquisa de diferentes países do mundo, a saída dos EUA do Acordo de Paris acrescentará 3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), ao ano, na atmosfera, aumentando a temperatura da Terra entre 0,1º e 0,3º C até o final do século.
Trump rasgou, na frente da sociedade mundial, o Acordo e as intenções de minimizar os efeitos já reconhecidos das alterações do clima no planeta. Muito se esperava da nação do Tio Sam como exemplo que representa a todos os demais países. Os USA seriam, naturalmente, os principais players deste protagonismo, junto com a China, os dois maiores emissores de carbono do mundo.
Sua aderência às reduções previstas poderia levar realmente a índices mais equilibrados neste contínuo processo de transformações atmosféricas. Nestas condições, a sociedade não pode ficar calada! Na verdade, estamos falando da vida no planeta nos próximos anos e que afetará, indelevelmente, a passagem dos nossos filhos e netos pela terra. Só a mudança de comportamento e atitudes coletivas é que poderão minimizar este cenário. Ou será por lei, e aí a obrigatoriedade trará enormes transtornos à vida humana, sobremaneira. A saída é esperar que os estados americanos, individualmente, e as comunidades locais, revertam este cenário devolvendo o tapa com atitudes que minimizem o efeito estufa de uma forma estratificada, mas com resultados.
O mundo vai ficar de olho nos Estados Unidos. Mas, também, nas decisões dos demais países que se responsabilizaram em atingir metas de redução de emissão de carbono. No entanto, seremos nós, sociedade engajada e organizada e com o apoio irrestrito dos veículos de comunicação, que poderemos acompanhar e exigir o cumprimento do Acordo de Paris. E é esta mesma sociedade que terá que se comprometer também, em todos os níveis, pessoal, profissional e empresarial a se posicionar e abraçar a causa.
As empresas, em larga escala mundial e no Brasil, assumiram a responsabilidade estratégica de alterar seus processos de produção e reconhecer os impactos de cada atividade econômica sobre a questão das emissões de carbono. Assim, reduzir a pegada ecológica e desenvolver ações continuadas de minimização viraram uma forma potencial de contribuir para a redução, em nível global, das emissões.
Entretanto, são os governantes que têm a missão de implementar na gestão pública os programas de sustentabilidade locais, transformando coletivamente a vida das pessoas e, por consequência, de toda sociedade, pois são os grandes agentes de sensibilização continuada destes cidadãos para as boas práticas de consumo e uso racional dos recursos naturais. Assim, e por força da dimensão e significado do tema, os herdeiros do futuro agradecerão!

Lívio Giosa é presidente Executivo da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil e coordenador geral do Instituto ADVB de Responsabilidade Socioambiental