ANA LUIZA ALBUQUERQUE, LUCAS GAYOSO E LUIZA FRANCO
SÃO PAULO, RIO DE JANEIRO E BRASÍLIA (FOLHAPRESS) – “O Lula é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”, gritam manifestantes na tarde desta quinta-feira (20), na avenida Paulista, em São Paulo. O ato ocupa ambas as faixas em frente ao Masp.
Organizado por movimentos de esquerda, como a CUT (Central Única do Brasil), o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e a CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), e pelo partidos PT, PCO e PC do B, eles reagem contra a condenação em primeira instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra as reformas trabalhista e previdenciária, entoando gritos de “Fora, Temer” e “Diretas já”.
A presença de Lula foi prometida por um dos organizadores que discursava no carro de som. Também falou o presidente do diretório municipal do PT, Paulo Fiorillo. “Se eles querem ganhar a eleição, que ganhem na urna. Eleição sem Lula é fraude”, disse.
A senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, e o senador Lindberg Farias (PT-RJ), que disputaram o comando do partido, estiveram presentes lado a lado no carro de som.
XINGAMENTO
“Meu primeiro recado é para o juiz Sergio Moro. Você é um covarde. Você é um fantoche da Rede Globo”, disse Lindberg. “O Temer é um bosta, quem está no comando é o grande capital, essa turma do pato amarelo, a Rede Globo. Aqui em São Paulo ainda tem esse fascista do Doria jogando água fria no morador de rua.”
Hoffmann disse que o ato é em “defesa do direito de um dos líderes mais populares de nossa história”. “Ganhem nas urnas. Não vão ganhar humilhando, impedindo o Lula. O povo quer votar no Lula”, afirmou. Segundo ela, os militantes estão se oferecendo para fazer vaquinha para ajudar Lula a pagar a defesa.
A senadora disse ainda que, após pesquisar no Portal da Transparência, descobriu que o juiz Sergio Moro ganhou mais de R$600 mil em um ano. “O Moro ganhou em um ano o que está bloqueando do presidente Lula, que foi a poupança de sua vida.”
Guilherme Boulos, coordenador do MTST, também falou aos manifestantes. “Viemos aqui repudiar a reforma trabalhista infame. Não sairemos das ruas porque a defesa dos direitos é a defesa da democracia”, disse. “Temos um governo ilegítimo, com uma agenda que não foi eleita pelo povo. Queremos as diretas já. Eleição tem que ser decidida no voto e não no tapetão.”
Encontradas aos montes nas manifestações da direita, não se veem muitas bandeiras do Brasil no ato a favor de Lula. Por isso, se destaca na multidão o padeiro Valdimar Gregorio, 38, envolvido pelo tecido verde e amarelo.
“Confio no Lula e acho que ele é inocente”, afirma. Questionado se Lula foi o melhor presidente, ele devolve a pergunta: “Hoje tenho uma casa, outra alugada, um carro, tudo através do Lula. Por que não seria o melhor presidente para mim?”.
A professora Mariana Prates, 29, também credita a Lula uma melhora de vida. “Junto à Dilma foi o melhor presidente, o que mais olhou para as causas sociais. Fui bolsista 100% do Prouni.”
Para a professora Rosalva Portella, 62, a idade não foi impedimento para comparecer ao ato. “Tenho idade para estar em casa, mas estou aqui. Temos que ter consciência coletiva. Não aceito a política hegemônica que acontece hoje”, diz.
Segundo ela, a reforma trabalhista foi um ultraje contra todos os trabalhadores e contra as “conquistas que lutou para conseguir”.
A professora também critica o Judiciário, que considera partidário. Para ela, a condenação de Lula foi precipitada. “Fundamento jurídico baseado em hipóteses? Todo cidadão vai ficar vulnerável.”
NO RIO
No Rio de Janeiro, centrais sindicais e movimentos sociais também se reuniram na Cinelândia, no centro, para a manifestação contra a reforma trabalhista e em defesa do ex-presidente Lula –contra a condenação.
O protesto reuniu aproximadamente 200 pessoas carregando bandeiras, faixas e cartazes com mensagens de crítica ao governo do presidente Michel Temer.
Movimentos como a CUT-RJ, Sindicato dos Comerciários do Rio e grupos internos do PT estiveram presentes.
De acordo com o presidente da CUT-RJ, Marcelo Rodrigues, foram promovidos atos políticos em outros 40 pontos do Estado. Ele questionou os motivos que levaram o juiz Sergio Moro a condenar o ex-presidente Lula. “Além do clamor popular, acho que a decisão vai ser revertida, pois não há provas no processo. Na verdade, não foi uma condenação ao Lula, mas sim, a um projeto político que está ao lado do povo. Seguiremos ocupando as ruas em todo o país”, disse Marcelo.
Presente no ato, a deputada federal Jandira Feghali (PC do B) atribuiu a condenação a uma perseguição política e criticou a reforma trabalhista. “Estamos nos posicionando contra uma prisão sem provas, uma perseguição política. Além disso, vemos o povo tendo os seus direitos sequestrados por uma reforma totalmente desmoralizante, enquanto a população sofre com o momento desastroso da cadeia produtiva”, afirmou.
O ato terminou de forma pacífica. Policiais do Batalhão de Grandes Eventos da Polícia Militar (BPGE) acompanharam o protesto, que não chegou a interditar nenhuma via.
EM BRASÍLIA
Vestindo camisetas do PT e empunhando bandeiras da CUT (Central Única dos Trabalhadores), manifestantes fizeram, na noite desta quinta (20), em Brasília, um ato contra o governo Michel Temer (PMDB) e em solidariedade a Lula.
O protesto, que aconteceu em frente ao Palácio do Planalto, foi pacífico e acabou por volta das 20h. Os organizadores estimam que cerca de 500 pessoas tenham participado. A Polícia do Distrito Federal diz que foram 300.
“Brasil, urgente, Lula presidente!”, entoavam os manifestantes.
Eles se revezaram no microfone em pronunciamentos contra as reformas trabalhista e previdenciária propostas pelo governo Temer, pedindo eleições diretas e declarando solidariedade ao ex-presidente.
As manifestações foram convocadas por movimentos de esquerda, como a própria CUT, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e a CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), e pelo partidos PT, PCO e PC do B.