SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Líderes do Congresso americano chegaram a um acordo neste sábado (22) para aprovar uma dura lei de sanções contra a Rússia pelas acusações de interferência na eleição de 2016 e pela intervenção na Ucrânia, informou o “New York Times”.
A medida limitaria a capacidade do Executivo de decidir sobre as sanções e deve irritar o presidente Donald Trump, que defende a reaproximação com Moscou.
O presidente tem o poder de vetar leis aprovadas pelo Congresso, mas assessores do republicano avaliam que fazê-lo aumentaria o desgaste político de seu governo, já manchado pelas revelações de que integrantes de sua equipe de campanha mantiveram contatos com a Rússia na corrida eleitoral.
Também dificulta um veto presidencial o fato de o projeto de lei incluir sanções contra a Coreia do Norte e o Irã, dois países frequentemente criticados por Trump.
Um pacote de sanções contra a Rússia foi aprovado quase unanimemente há mais de um mês no Senado, mas sua tramitação estava congelada na Câmara. Democratas vinham acusando a maioria republicana de empacar o projeto a pedido da Casa Branca.
Com o acordo alcançado neste sábado entre os dois partidos, a medida, que tem algumas diferenças em relação à proposta aprovada no Senado, deve ser votada na Câmara na terça (25), segundo a liderança republicana.
O senador democrata Ben Cardin disse que, embora preferisse a adoção integral do projeto que passou no Senado, aceita “a versão da Câmara, que é produto de negociações intensas”.
Os serviços de inteligência dos EUA acusam o presidente russo, Vladimir Putin, de ter ordenado ciberataques contra alvos do Partido Democrata para vazar mensagens comprometedoras sobre Hillary Clinton e prejudicá-la na disputa pela Casa Branca. O Kremlin nega ter agido em favor de Trump.
Além disso, o Congresso e o FBI (polícia federal americana) investigam se assessores do republicano fizeram conluio com autoridades da Rússia na campanha.
Impulsionado por revelações da imprensa, o escândalo dos contatos com a Rússia já atingiu membros da administração, como Michael Flynn, que renunciou ao cargo de secretário de Segurança Nacional após a descoberta de que ele havia mentido sobre contatos com o embaixador russo em Washington.
O caso também atingiu a família do presidente. Há algumas semanas, o “NYT” revelou que Donald Trump Jr., filho mais velho do republicano, se reuniu um ano antes com uma advogada russa em busca de informações comprometedoras sobre Hillary.
PERDÃO PRESIDENCIAL
Em meio às descobertas, têm surgido especulações de que Trump poderia conceder perdão a assessores, familiares e, eventualmente, si mesmo caso as investigações resultem em condenações.
Neste sábado, o republicano causou polêmica ao dizer que tem “poder completo” para perdoar quem quiser.
“Enquanto todos concordam que o presidente dos EUA tem poder completo para perdoar, por que pensar nisso se o único crime até agora são os vazamentos contra nós”, afirmou.
O senador democrata Mark Warner, que integra o comitê parlamentar que investiga os contatos com os russos, reagiu à declaração de Trump dizendo que “perdoar qualquer indivíduo que possa estar envolvido seria cruzar uma linha fundamental”.