JOÃO PEDRO PITOMBO
SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) – O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) invadiu nesta quarta-feira (26) fazendas ligadas ao empresário Eike Batista.
As invasões fazem parte da Jornada por Reforma Agrária, na qual a entidade iniciou uma estratégia de ações em terras de políticos e empresários que enfrentam acusações de corrupção.
Há ocupações de fazendas e órgãos públicos em 12 Estados, incluindo propriedades do ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP-MT), de Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), e do coronel João Baptista Lima Filho, amigo do presidente Michel Temer.
Na madrugada desta quarta, famílias de sem-terra invadiram um complexo de fazendas com 700 hectares em São Joaquim de Bicas (MG) que pertence à MMX, empresa de mineração de Eike. Cerca de 200 famílias participam da ação.
O empresário enfrenta acusações de ter pago propina ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e chegou a ficar preso pro três meses no complexo penitenciário de Bangu -desde maio, cumpre prisão domiciliar.
Segundo o MST, a fazenda “está devastada pela degradação ambiental” e as atividades da mineradora “podem acarretar numa crise do abastecimento de água” na região metropolitana de Belo Horizonte.
Os sem-terra também invadiram, no Rio Grande do Norte, uma área do Perímetro Irrigado Santa Cruz de Apodi -projeto apoiado pelo ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB), que ocupou o cargo nos governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer.
Segundo o MST, a área é palco de conflitos agrários desde 2012 -os sem-terra são contra a instalação de projetos de agronegócio na região.
“Essa obra tem impactado diretamente a região, reconcentrando de forma autoritária e ilegal as comunidades rurais e as áreas de assentamentos, sem indenização justa, expulsando as famílias do campo para viverem nas periferias das cidades”, informou o MST em nota.
Assim como Eike, Henrique Eduardo Alves também enfrenta suspeitas de corrupção relacionadas à Operação Lava Jato. Ele cumpre prisão preventiva na penitenciária da Papuda, em Brasília, desde junho.
Além das terras ligadas à Eike Batista e Henrique Eduardo Alves, foram invadidas nesta quarta-feira fazendas em Mato Grosso do Sul e no Paraná. Também foram invadidas as sedes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) no Maranhão e em Pernambuco.
“Essas terras obtidas ou envolvidas nos esquemas de corrupção precisam ser confiscadas e destinadas a famílias sem-terra, para que elas tenham trabalho e produzam alimentos pro campo e pra cidade”, informou em nota Gilmar Mauro, da direção do MST.
REINTEGRAÇÃO
A Justiça do Rio de Janeiro expediu, na noite desta terça-feira (25), um mandado de reintegração de posse da fazenda de Ricardo Teixeira, em Piraí (RJ). Segundo nota do movimento, a polícia está na fazenda para despejo das cerca de 300 famílias.
Em nota, o MST informou que a juíza Anna Luiza Soares ordenou a saída em um prazo de até três horas.