FERNANDA PEREIRA NEVES E FABRÍCIO LOBEL
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Funcionários do Metrô e da CPTM podem cruzar os braços na próxima terça (1º) na capital paulista. Com pautas distintas, as duas categorias ameaçam uma paralisação de 24 horas, que pode ser a terceira dos metroviários neste ano e a segunda dos ferroviários.
No caso dos metroviários, a categoria protesta contra a terceirização das bilheterias e a privatização da linha 5-lilás. O sindicato afirma não ter havido nenhum tipo de discussão sobre a mudança nas bilheterias e que teme a precarização do serviço e demissões de funcionários quando ela foi concluída.
Procurado, o Metrô afirmou que a terceirização permite que os metroviários atuem em outras atividades, melhorando o aproveitamento desse efetivo e que esse processo não resulta em demissões. “Esta semana o governo do Estado autorizou a contratação de mais 293 funcionários para as áreas de operação e manutenção”, destacou a empresa em nota.
Já os ferroviários devem paralisar contra a redução de 3,51% dos salários após uma decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho). A Seção Especializada em Dissídios Coletivos do tribunal julgou indevido o dissídio coletivo determinado pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho) em 2011 e que foi contestado pela CPTM.
Com isso, a companhia afirma que é “obrigada a cumprir determinação do TST, sob pena de crime de responsabilidade dos seus gestores”. A categoria, no entanto, diz que a redução é irregular já que a sentença deixa “ressalvadas da decisão as situações fatídicas já constituídas”.
A redução dos valores, que deve acontecer a partir do salário referente à julho, afetaria todos os 8.500 funcionários da CPTM, representados por quatro sindicatos. A categoria estima que isso representaria uma redução de R$ 1,2 milhões por mês para a empresa. O salário base na CPTM é R$ 1.393,75, de ajudante de manutenção.
Tanto metroviários quanto ferroviários realizaram assembleias no último dia 20, onde foi decidido pela paralisação. Novas assembleia, no entanto, marcadas para a próxima segunda (31) ainda deverão confirmar a decisão.
Com a possibilidade de greve, o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) estipulou que 80% dos funcionários continuem trabalhando nos horários de pico -entre 4h e 10h e 16h e 21h- e 60% nos demais horários, mesmo com a concretização da paralisação, sob risco de multa de R$ 100 mil por dia em caso de descumprimento.
Os metroviários já realizaram duas paralisações em 2017: uma no dia 15 de março e em 28 de abril. Em ambas, os funcionários do Metrô apoiaram greve geral convocada por centrais e movimentos sociais contra as reformas da Previdência. Apenas a segunda teve participação dos ferroviários.