A resposta ao questionamento no título que abre esta coluna é para lá de subjetivo e polêmico. Eu reconheço. Teremos leitores dizendo que está pior e eles estarão corretos. Outros estarão convictos de que vivemos tempos melhores – também estão com a devida razão. Argumentos para os dois lados não faltam. Em época de polarização cega entre esquerda e direta, certo e errado, este despretensioso texto tem como objetivo fazer você refletir. Para evitar que me rotulem como coxinha ou adepto à mortadela, trago como contribuição para discussão pontos que mostraram que o Brasil melhorou sem Dilma Rousseff na presidência, ou, como preferir, com Michel Temer à frente do Executivo do país, e outros que pioraram. A conclusão, ao fim do texto, ficará sob sua responsabilidade, leitor.
Voltemos no tempo. Em 31 de agosto de 2016, terminava o segundo processo de impeachment vivido pelos brasileiros. Os deputados federais votaram pelo fim do governo da presidente petista Dilma Rousseff. Horas depois, o então vice, Temer, assumia o Palácio do Planalto – e como todos os políticos propagava de forma efusiva promessas de um novo Brasil. Na mesma solenidade, meio improvisada, Temer anunciava a nova equipe ministerial – detalhe: sete ministros de Estado caíram levando consigo algum tipo de suspeita. Alguns deles foram parar atrás das grades envolvidos em escândalos de corrupção, principalmente a Lava Jato.
Este já é o primeiro ponto de reflexão: a Lava Jato. Neste um ano sem Dilma, ou um ano de Temer, a maior operação de combate à corrupção que se tem notícias no país apresentou pontos de melhora, mas também de piora. Será o item neutro deste texto.
Avançou, principalmente, no que diz respeito às delações de executivos da J&F – cuja principal vitrine é o frigorífico JBS com atuação mundial. Avançou tanto que colocou Temer como suspeito de também meter a mão no jarro, mesmo que indiretamente, através de assessores. Ao mesmo tempo, retrocedeu no sentido de enxugar o grupo de trabalho da Polícia Federal que se dedicava às apurações de ilícitos.
Passada a neutralidade, vamos aos pontos. Seja você petista ou simpático ao partido de esquerda, você há de concordar que de 31 de agosto de 2016 até agora – véspera de completar um ano do novo governo brasileiro – a situação econômica deixou de agonizar e passou a dar sinais de recuperação. Os índices econômicos positivos vão desde a redução da previsão de inflação à estimativa de estabilidade do PIB (Produto Interno Bruto), embora pífio.
A melhora na economia reflete diretamente nos ânimos do mercado financeiro. Com o dólar caindo, cotado a R$ 3,10, os investidores internacionais voltaram a apostar no Brasil – embora com certa parcimônia. O Risco Brasil, que mede a situação financeira do país aos investidores estrangeiros, caiu.
É preciso reconhecer também a habilidade do governo Temer de lidar com o Legislativo. A crise política entre os dois poderes arrefeceu a tal ponto que o principal pilar de sustentação do atual presidente é o Congresso Nacional. Com Legislativo legislando, o país se viu diante da reforma trabalhista – uma de tantas necessárias.
Concordo com os petistas, que retornaram ao posto que lhe fizeram chegar até a presidência da República, a oposição, que as mudanças nas leis trabalhistas foram feitas a toque de caixa. No estilo rolo compressor. Os brasileiros tiveram de aceitar o que fora preparado e embrulhado nas cercanias do Palácio do Jaburu. Mas o Congresso saiu da paralisia.
Mas, nem tudo foi céu de brigadeiro – longe disso. Temer foi denunciado. O primeiro presidente da República do Brasil denunciado durante o mandato. Alcançamos neste governo a triste estatística de 14 milhões de desempregados no país. Sofremos, claro, com as consequências disso, entre outras coisas, a escalada da violência – em especial os crimes patrimoniais (furtos e roubos).
E mais recentemente vimos que mais de 143 mil famílias brasileiras retornaram ao programa social Bolsa Família, catapultado pelos governos Lula e Dilma. A pobreza no Brasil aumentou.
Trazendo para o noticiário diário, estamos assistindo o presidente Temer abrir os cofres para deputados, senadores e aliados para se manter na presidência. Isso tudo em época de vacas magérrimas. O dinheiro que falta para tantos serviços básicos para a população parece sobrar em Brasília, com distribuição de emendas aos parlamentares e reajustes salariais que envergonham a todos – menos aos que serão beneficiados.
E aí, depois disso tudo me responda: Neste um ano sem Dilma ou um ano com Temer estamos melhor ou pior?