GUILHERME GENESTRETI, ENVIADO ESPECIAL*
CIDADE DO MÉXICO, MÉXICO (FOLHAPRESS) – “Diablero”, série mexicana sobre um padre que se junta a um caçador de demônios, é a nova aposta da Netflix em conteúdo original produzido na América Latina, região que é chave no crescimento da gigante do streaming.
A atração, que chegará ao catálogo em 2018, foi uma das novidades apresentadas em painel que reuniu jornalistas latino-americanos na Cidade no México nesta quarta (2).
A produção foi apresentada por Ted Sarandos, diretor de conteúdo da Netflix, que também bateu um papo com os elencos das séries “Stranger Things” (cuja segunda temporada estreia em outubro) e “Os Defensores” (estreia em agosto), e do filme “Bright”, que chegará no Natal.
“O idioma não é barreira para que uma série encontre seu público no mundo”, disse Sarandos durante o evento.
“‘Diablero’ é uma entre as várias produções em desenvolvimento na América Latina”, completou o executivo, que também citou a nova série capitaneada pelo carioca José Padilha inspirada na operação Lava Jato (“um seriado sobre corrupção”), do western brasileiro “Matador” e de uma série sobre o universo fashion ambientada em Buenos Aires.
O ator venezuelano Edgar Ramírez, que está no elenco de “Bright” descreveu o longa como uma “metáfora entre o embate de várias culturas”. Dirigido por David Ayer (“Esquadrão Suicida”) e protagonizado por Will Smith, o filme será um “policial fantástico”, com seres humanos convivendo com orcs e elfos nas ruas de Los Angeles.
Colega de Ramírez em “Bright”, a atriz sueca Noomi Rapace aproveitou a presença de Sarandos para se derreter pela Netflix: “É uma plataforma lindamente democrática, que te permite ver filmes mesmo se você não tiver dinheiro para ir ao cinema.”
Atores-mirins de “Stranger Things”, os adolescentes Caleb McLaughlin, Finn Wolfhard e Gaten Matarazzo disseram que o melhor de estar numa plataforma como a Netflix é o de “viajar o mundo”. McLaughlin disse que seu Instagram foi inundado de mensagens em português, dos fãs brasileiros.
O discurso, que ecoou entre os outros atores, surge como defensa num ano em que a Netflix vem carregando uma série de controvérsias no meio audiovisual.
No último Festival de Cannes, o diretor Pedro Almodóvar, presidente do júri da edição, disse que não se imaginaria dando um prêmio a uma produção que não seria exibida nos cinemas, caso de “Okja” e “The Meyerowitz Stories”, ambas do serviço de streaming. Já o diretor britânico Christopher Nolan, de “Dunkirk”, afirmou que a Netflix tem uma “aversão bizarra a dar apoio a que filmes sejam lançados nas salas tradicionais”.
“Espero que Nolan mude de ideia”, disse Sarandos a respeito da polêmica.
IMAGEM É TUDO
Além de Sarandos e dos atores, outro palestrante foi Todd Yellin, executivo da Netflix responsável pelo “polo da tecnologia” da companhia, como ele mesmo descreveu.
Entre os dados que ele expôs sobre o consumo do serviço na região e no mundo, destacou a dublagem (84% dos assinantes brasileiros assistiram a “13 Reasons Why” em versão dublada, número maior do que em outros países latinos).
Segundo Yellin, os padrões de consumo do serviço não seguem nacionalidades, mas características individuais. “Eu vivo na Califórnia e posso ter exatamente os mesmos gostos que alguém de São Paulo e de Estocolmo”.
Por isso, afirmou, a Netflix tem trabalhado para aperfeiçoar o algoritmo que sugere novas recomendações a assinantes. Um de seus achados é que a imagem que ilustra os títulos no catálogo é um dos fatores mais importantes na sua escolha.
No futuro, diz, as imagens que acompanham séries e filmes serão padronizadas de acordo com o tipo de gosto do usuário: podem trazer cenas mais românticas, mais assustadoras, mais engraçadas, a depender do perfil do assinante.
Antes do painel, uma trupe de oito mariachis fez uma rápida apresentação musical.
Foi uma homenagem entre o chiste e o clichê que a Netflix preparou para a região, “a mais importante e a mais dinâmica fora dos Estados Unidos”, segundo disse o chefe de comunicações do streaming, Jonathan Friedland, num espanhol carregado de sotaque americano.
Ele também recomendou aos 200 jornalistas presentes que provassem os chocolates distribuídos, “muy ricos y muy caros”.

*O jornalista GUILHERME GENESTRETI viajou a convite da Netflix