SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O adiamento da revisão da meta de deficit fiscal pelo governo levou o dólar a R$ 3,20 nesta segunda (14), com a preocupação de que o número em estudo possa ser ainda maior que os R$ 159 bilhões que já circulam no mercado. A Bolsa brasileira refletiu o bom humor no cenário exterior e fechou em alta.
O dólar comercial avançou 0,88%, para R$ 3,203. O dólar à vista, que fecha mais cedo, se valorizou 0,75%, para R$ 3,183.
O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, fechou em alta de 1,37%, para 68.284 pontos.
No mercado cambial, as dúvidas em torno da revisão da meta fiscal aumentaram a cautela dos investidores, afirma Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.
O mercado aguarda o novo número do rombo, que era esperado para esta segunda. Mas um impasse entre as áreas econômica e política provocou o adiamento do anúncio da revisão das metas deste ano e de 2018.
“O próprio mercado acaba sendo surpreendido. Aparentemente, com o anúncio de que a meta vai ser de R$ 139 bilhões para R$ 170 bilhões, o governo indica que não está empenhado em acabar com o deficit. Os cortes teriam que ser mais profundos do que o que tem sido feito”, afirma Galhardo.
Diante das incertezas, os investidores correm para a proteção do dólar, tentando proteger suas aplicações em caso de não aprovação da reforma da Previdência. “Estamos com um mercado sem rumo. A gente fica sem saber se o R$ 3,20 reflete bem as condições de hoje. Estivemos a ponto de romper o R$ 3,10 algumas semanas atrás, com o alívio após a vitória do [presidente Michel] Temer no Congresso. Mas não sabemos se é o patamar correto”, ressalta.
No exterior, o alívio das tensões entre Estados Unidos e Coreia do Norte causou o enfraquecimento do dólar em relação às principais moedas internacionais. O dólar se valorizou apenas entre 14 das 31 principais divisas.
No domingo (13), autoridades americanas disseram que um confronto militar com a Coreia do Norte não é iminente, embora tenham ressaltado que a possibilidade de guerra com o país é maior do que era há uma década.
EUA e Coreia do Norte têm trocado farpas por causa dos recorrentes testes de mísseis pelo ditador Kim Jon-un.
O CDS (credit default swap) do Brasil recuou 0,34%, para 204,3 pontos.
No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados fecharam em alta. O contrato com vencimento em janeiro de 2018 subiu de 8,160% para 8,165%. O com vencimento em janeiro de 2019 avançou de 8,060% para 8,080%.
AÇÕES
O mercado acionário brasileiro seguiu o alívio no exterior e fechou em alta. Das ações mais negociadas, 43 subiram, 14 caíram e uma encerrou no zero a zero.
Os papéis da Vale subiram, apesar da queda dos preços do minério de ferro no exterior. As ações ordinárias tiveram alta de 1,62%, para R$ 31,30. Os papéis preferenciais avançaram 1,46%, para R$ 29,15. O programa de conversão de ações da mineradora teve adesão de 84,4% dos acionistas preferenciais, contra mínimo esperado de 54,09%.
“A partir desta noite, a Vale será uma empresa sem controlador definido”, disse Fabio Schvartsman, presidente da Vale, em teleconferência com a imprensa. “Esse assunto de interferência do governo eu considero resolvido”, afirmou.
Os papéis da Petrobras também subiram, em dia de forte queda dos preços do petróleo no exterior. Os papéis preferenciais da estatal avançaram 1%, para R$ 13,08. As ações com direito a voto subiram 0,67%, para R$ 13,60.
No setor financeiro, os papéis de bancos encerraram o dia no azul. As ações do Itaú Unibanco subiram 1,81%. Os papéis preferenciais do Bradesco se valorizaram 1,99%, e os ordinários ganharam 1,65%. As ações do Banco do Brasil tiveram alta de 0,61%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil encerraram o dia com avanço de 1,83%.