O senador Roberto Requião (PMDB) foi notificado, ontem, pela Direção Nacional do PMDB, sobre o processo de expulsão aberto contra ele pelo partido a pedido da Juventude do PMDB. Requião reagiu afirmando que vai pedir a expulsão do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB/RJ) – preso desde o ano passado e condenado por corrupção pelo juiz Sérgio Moro – e o afastamento do presidente nacional da legenda, senador Romero Jucá (RO).
Requião alega que sob o comando do grupo de Jucá e do presidente da República, Michel Temer, o PMDB amarga hoje apenas 1% de aprovação popular. No mês passado, o senador entrou em confronto direto com Jucá – que é lider do governo Temer no Senado – depois que a revista Veja divulgou que o líder governista estaria procurando um laranja para abrir processo de expulsão contra ele. Apesar de ser do mesmo partido do presidente, Requião faz oposição ao governo Temer no Senado, e votou contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), além de criticar a política econômica da atual administração federal.
Acabo de receber uma intimação do partido para responder em quinze dias um pedido de expulsão formulada pela juventude do PMDB. Me expulsar do PMDB porque eu estaria agindo em desconformidade com os princípios, as teses defendidas pelo partido. Ninguém mais do eu defende os princípios do velho e verdadeiro PMDB de guerra, disse o senador paranaense, em vídeo postado no facebook ontem.
Ninguém mais do que eu defende o velho MDB. Eu sou do velho MDB. Aquele PMDB que Ulisses Guimarães definia como o partido que não rouba, que não deixa roubar e que põe na cadeia quem rouba, alega Requião. As pesquisas de opinião mostram que o partido comandado por essa gente com essas propostas que eles estão levando tem 1% de apoio da população brasileira. Nós estamos acabando, afirma ele.
Mas eu não vou deixar barato essa atitude que tomam contra mim. Vamos ver se o PMDB é o do pessoal da tornozeleira, de mil processos de desvio de recurso público, o PMDB do 1%. Ou é aquele PMDB que trouxe o Brasil para a democratização depois da ditadura, questionou.
Negócio – Requião acusa a cúpula nacional peemedebista de agir de forma contrária às bandeiras históricas do partido. Isso tudo está acabando. A política virou um negócio de financiamento privado de campanha. Não existe mais programa. Não existe mais fidelidade às propostas colocadas pelos candidatos nas campanhas eleitorais, mas só o compromisso com os financiadores. Nós estamos sendo destruídos economicamente, o Estado está paralisado, a Petrobras está sendo entregue, critica.
Eu estou encaminhando hoje ao Diretório Nacional o pedido de expulsão do Eduardo Cunha – que está preso, condenado – e de afastamento do senador Romero Jucá, pelas posições contrárias à Constituição cidadã, pelas propostas contrárias ao documento de desenvolvimento e até que ele solucione todas as acusações que contra ele pairam no Supremo Tribunal Federal. O partido não pode ser comandado por quem tem tanto compromisso pessoal, tanta coisa a responder, tantas questões a resolver, ironizou.

Partido vai voltar a se chamar MDB

O presidente nacional do PMDB, Romero Jucá (RR), afirmou ontem que encaminhou um ofício ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para mudar o nome da legenda para MDB (Movimento Democrático Brasileiro), como era durante o regime militar. A alteração, que tem o aval do presidente Michel Temer, deve ser concretizada em 27 de setembro, durante a convenção nacional da legenda.
Jucá nega que a mudança do nome seja uma tentativa de “esconder” o partido atrás de uma nova marca, já que a cúpula da legenda e o próprio Temer têm sido alvo de diversas denúncias relacionadas a escândalos de corrupção, especialmente no âmbito da Operação Lava Jato.
“Nós estamos querendo colocar o partido de acordo com o que tem de mais moderno no mundo hoje. Os novos partidos não são registrados como partido. Também estamos resgatando essa questão histórica, a nossa memória. Nós não queremos ser um partido, nós queremos ser uma força política. Queremos ganhar as ruas com uma nova programação”, disse.
O MDB foi criado em 1966, para fazer oposição à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido que dava sustentação à ditadura militar. O fim do bipartidarismo, em 1979, levou à reorganização do quadro partidário e fez o MDB virar PMDB.