TÁSSIA KASTNER E PATU ANTUNES
SÃO PAULO, SP, BARCELONA, ESPANHA (FOLHAPRESS) – Em seu primeiro dia em Barcelona, o médico carioca Bernard Giancristoforo Campos, 26, caminhava pelas Ramblas em direção ao mercado La Boquería na hora do atentado terrorista.
“Foi quando ouvimos uma gritaria bem na nossa frente e vimos uma van branca vindo em nossa direção”, conta.
Campos estima que o veículo estivesse a cerca de 10 metros dele quando percebeu a confusão e que precisaria correr. Ele e o amigo buscaram abrigo em uma cafeteria e se esconderam atrás do balcão “para entender o que estava acontecendo”.
“Depois de 10 a 15 minutos, eu mandei um áudio para a minha mãe para avisar do atentado, que a minha bateria ia acabar e eu ia sair para ajudar as pessoas de lá.”
O médico diz que faltavam equipamentos de socorro para a quantidade de feridos. As ambulâncias demoravam a chegar. “Eu levei uma menina da Ásia, acho, deve ter uns 30 anos, para o hospital. Eu segurando a cabeça dela como um colar cervical e pedindo para fazer soro porque ela estava politraumatizada.”
Depois do hospital, ele andou pelas ruas à procura de um táxi que o levasse de volta para o albergue onde está hospedado, perto do local do atentado. O sistema de transporte público foi paralisado após o ataque.
Campos ainda seguirá em Barcelona por mais alguns dias. Sua primeira viagem a Europa começou por Madri, e ele ainda passará por Amsterdã, Paris e Londres.
“Hoje eu não saio. Não sei como vai ser nos outros dias. Vou ter que dar um jeito de esquecer isso.”
OPÇÃO PELA SEGURANÇA
Turistas que estavam perto do local do ataque relataram que haviam escolhido Barcelona como destino justamente pelo fato de que a cidade lhes parecia segura.
O mochilão pela Europa das argentinas Melisa Voisard e Antonella Schinto havia excluído Paris da lista. “Tínhamos medo de algum atentado por lá e viemos tranquilas a Barcelona”, explicavam, em meio à pequena multidão que aguardava, entre o choque e a confusão, o fim do isolamento à área das Ramblas, que só viria a acontecer três horas depois.
O hostel das jovens, na rua Pintor Fortuny, fica a menos de 100 metros do local do atentado. Às 17h locais (12h de Brasília), Antonella estava na praia com outra amiga, Zamira Attara, enquanto Melisa passeava pelo Portal de l’Àngel, outra das ruas ao redor das Ramblas.
“De repente vi uma multidão correndo e perguntei para uma senhora o que estava acontecendo. Ela me disse que falavam em bomba. Foi aí que escutei tiros. Entrei correndo em uma loja de sapatos e só saí de lá uma hora depois. Ficamos trancados lá dentro, já com a notícia de que tinha havido um atropelamento nas Ramblas”, conta. “Estou paralisada, não acredito que teve um atentado justamente aqui, que era para ser um lugar seguro.”
O casal francês Hasna e Hamid Aris, na cidade há cinco dias de férias, também esperava pacientemente, na rua, a orientação da polícia para poder voltar ao hotel, nas imediações das Ramblas.
“Passamos por um atentado em Paris e jamais pensamos na possibilidade de um ataque em Barcelona. É a segunda vez que escolhemos a cidade para nossas férias, e a segurança pesou bastante na decisão”, afirma Hasna.
O casal estava num café no bairro Gótico, a poucos metros da confusão, quando viram dezenas de pessoas correndo. “Estamos chocados. Nossas férias acabaram.”